CASO MALU

Veterinário de BH acusado de matar cadela é condenado a 'censura pública' e multa de R$ 2,4 mil

Rodrigo de Oliveira
rsilva@hojeemdia.com.br
20/10/2022 às 07:19.
Atualizado em 20/10/2022 às 07:36

Polícia Civil realizou uma operação na clínica em 2019 (Divulgação/PCMG)

O julgamento de um veterinário, suspeito de ter matado uma cadela, em julho de 2019, foi realizado nesta quarta-feira (19) pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), em Brasília. Ele foi condenado a pagar multa de R$ 2,4 mil, além de receber uma "censura pública", que vai ser publicada nos canais do CFMV.

O médico David Barreto, que era tutor da cachorra Malu, disse que o sentimento é de revolta e indignação. “A condenação foi desproporcional. Pelo Código de ética, a pessoa que cometer infração gravíssima tem como a pena a cassação. O conselho reconheceu as infrações gravíssimas cometidas e ele merecia pena de cassação ou, no mínimo, suspensão por um tempo”, declarou. 

David ressaltou ainda que sabe que a profissão é passível de erros, mas que, neste caso, foi diferente. “O veterinário me enganou deliberadamente, foi desonesto e isto resultou em uma morte dolorosa para minha cachorrinha. Já gastei mais de R$ 50 mil por causa deste caso. Não desejo isto nem para o meu pior inimigo”, disse. 

O Hoje em Dia tentou contato com o veterinário, mas não obteve retorno. 

Relembre o caso 

O profissional e a esposa, também veterinária, eram donos de uma clínica, fechada pela polícia em dezembro de 2019, por várias irregularidades. O veterinário chegou a ser preso, e a esposa ficou foragida. A clínica ficava em Nova Lima, Região Metropolitana de Belo Horizonte. 

Malu foi atropelada e levada para a clínica em julho de 2019. Após duas cirurgias, funcionários do local alertaram o tutor de que o veterinário planejava "abri-la novamente", em sigilo, para tentar omitir erros. 

David Barreto imediatamente ligou para o veterinário e o proibiu de fazer a cirurgia. Porém, o profissional não acatou a ordem do tutor. Malu não resistiu e morreu dois dias depois, com infecção generalizada.

O tutor enviou o corpo da cadela para uma necropsia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde foi constatado que ela tinha dois parafusos soltos, placa em local onde não havia fratura, infecção generalizada e necroses pelo corpo. 

O casal de veterinários já foi condenado por crimes contra o cão Rambo, um rottweiler que também foi operado de forma inadequada, além de ter sido diagnosticado falsamente com leishmaniose para obtenção de lucro e perdido um dedo após a pata necrosar. O resultado do julgamento, porém, não foi divulgado pelo CFMV. 

Investigação no Ministério Público 

Além dos casos envolvendo os dois cães, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) também já ofereceu denúncia contra a clínica, que foi alvo de uma operação da Polícia Civil em novembro de 2019. 

Os dois sócios da clínica, dois gerentes, o advogado do estabelecimento e sete médicos veterinários foram denunciados pela prática de estelionato, descarte irregular de lixo infectante, maus-tratos a animais e venda de medicamentos proibidos, vencidos e com embalagens adulteradas. Uma outra pessoa foi denunciada por falso testemunho. 

“Também queremos a suspensão do exercício profissional médico veterinário dos sócios da clínica e o bloqueio de contas, bens e valores de todos os denunciados”, declarou o MPMG.

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