Dois anos após o anúncio de um programa nacional de enfrentamento ao crack, a Polícia Militar finalizou o mapeamento das áreas que serão alvo de ações no combate ao uso e venda da droga na capital mineira.
As “cracolândias”, que ficam em quatro regiões de BH, vão ser monitoradas com câmeras de segurança operadas pela PM. Ao todo, 80 equipamentos vão filmar, 24 horas, o dia a dia desses locais na tentativa de inibir o consumo e identificar os traficantes que abastecem os usuários.
O mapeamento das áreas foi feito com base em estatísticas da Polícia Militar, levando em conta o histórico de ocorrências relativas ao uso de crack. Os locais estão concentrados na área central e na Pampulha.
Para cada região, serão destinadas 20 câmeras de videomonitoramento, além de uma unidade básica móvel com cinco câmeras e uma torre de controle, uma viatura e duas motocicletas.
“Os veículos já foram adquiridos pelo governo federal e estão recebendo adesivos. Ainda não temos a data exata de entrega, mas estamos na expectativa da chegada desse reforço no combate ao crack”, explica o chefe da Diretoria de Apoio Operacional da PM, coronel Cláudio Mendes.
Equipamentos não letais, como armas teaser e spray de pimenta, também serão financiados pela União.
“Enviamos o levantamento dos locais para a Subsecretaria de Políticas sobre Drogas na segunda-feira. O próximo passo será encaminhar esse mapeamento para a Secretaria Nacional de Segurança Pública”, afirma o coronel. Não há prazo para a chegada e o início do funcionamento das câmeras.
Integração
Os recursos, provenientes do governo federal, estão previstos no programa “Crack, é possível vencer”. Para Minas Gerais, serão destinados, até 2014, R$ 476 milhões.
O programa prevê investimentos em três frentes: prevenção, aumento da oferta de tratamento de saúde e enfrentamento ao tráfico de drogas. A ideia é trabalhar de forma articulada para que o resultado seja eficiente.
“Somente câmeras não vão solucionar o problema. A utilidade é maior para a repressão do tráfico de drogas, mas a questão do crack hoje é 70% de saúde pública e 30% de polícia. É preciso investir também no tratamento dos usuários”, alerta o especialista em segurança pública Luiz Flávio Sapori.
Além do risco de a estratégia não funcionar por falta de articulação entre os três eixos, ainda há a possibilidade de ocorrer apenas a migração do problema.
“Dificultar a venda e o uso em determinados locais pode resultar na mudança para outros cenários. Nada garante que vigiar uma cracolândia vá evitar o surgimento de outra”, afirma Sapori.