Violência contra menores avança 68% na capital

Fernando Zuba e Ernesto Braga - Do Hoje em Dia
30/10/2012 às 06:58.
Atualizado em 21/11/2021 às 17:41

(Frederico Haikal/Hoje em Dia)

Faltam consciência, respeito e humanidade. A covardia, desenfreada, avança contra menores de 18 anos em Belo Horizonte. Os dados são alarmantes. Em 2011, a Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca), em BH, instaurou 440 inquéritos, média de 36,6 por mês, ou 1,2 por dia. No mesmo período, foram realizadas cerca de mil diligências para investigar denúncias anônimas.

De janeiro a setembro deste ano, o número de inquéritos aumentou 68,3%. Foram abertos 555 procedimentos em 273 dias. A média é de 61,6 casos por mês ou dois registrados diariamente pela Polícia Civil.

Culpa

Violência sexual e agressão correspondem a 90% das denúncias, que não param de chegar à Depca. Na tarde desta segunda-feira, uma criança de 11 anos, moradora do bairro Providência, na região Norte, foi levada à delegacia pela mãe. Ela confirmou que vinha sendo estuprada pelo próprio pai desde os 6 anos.

“As vítimas chegam numa situação como essa, submissas, com expressão de medo. Em muitos casos, as crianças desenvolvem o sentimento de culpa, como se elas também fossem responsáveis pelo que estão passando”, afirma a enfermeira Alessandra Chicarelli, mestre em saúde mental e professora da Faculdade de Enfermagem do Instituto Metodista Izabela Hendrix.

A especialista ficou chocada com o crescimento dos números registrados pela Depca. Segundo a delegada Iara França Camargos, os suspeitos de cometer os crimes são identificados na maior parte das ocorrências. “São apontados pelas próprias vítimas, que vêm sofrendo abusos há muito tempo”, afirma.

Em casa

O abusador ou agressor, na maioria das vezes, pertence ao núcleo familiar ou é uma pessoa muito próxima à família da vítima. “Em 80% dos casos, são padrastos, tios ou o próprio pai”, diz Alessandra Chicarelli.

A delegada ressalta que muitos crimes acabam subnotificados. “Por vários motivos, entre eles a vergonha, o medo de falar sobre o assunto, além da dependência financeira e emocional da vítima, a criança abusada prefere manter o silêncio”.

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