Visando segurança, Bombeiros vetam trajeto de 102 blocos de Belo Horizonte

Malú Damázio, Tatiana Lagôa e Mariana Durães
horizontes@hojeemdia.com.br
31/01/2018 às 20:57.
Atualizado em 03/11/2021 às 01:04
 (Lucas Prates/ 20-02-2016)

(Lucas Prates/ 20-02-2016)

A pouco mais de uma semana para o Carnaval, 102 blocos de rua de BH não tiveram os trajetos autorizados pelo Corpo de Bombeiros. Caso os grupos não se regularizem, poderão ser impedidos de participar da folia neste ano. Desses, 16 esperam cerca de 10 mil pessoas. Ao todo, são mais de 320 mil participantes.

Na mira dos Bombeiros estão grupos famosos como o Juventude Bronzeada, Pisa na Fulô, Volta Belchior e Corte Devassa. Os trajetos reprovados esbarram nos parâmetros de uma instrução técnica do Corpo de Bombeiros e do Ministério Público, que passou a valer em 2017. 

Cortejos perto de rios, ribeirões e viadutos são os principais perigos aos foliões, que podem desequilibrar e cair. Locais com riscos de alagamento também estão sendo vetados.

“No caso do Juventude Bronzeada, um dos blocos ainda irregular, o grande problema é que o trajeto passa por uma região de viadutos. No da Floresta, por exemplo, há um estreitamento da via. Como o grupo arrasta uma multidão, há risco de alguém cair da estrutura”, explica o tenente dos Bombeiros Pedro Aihara.

Para esses 102 grupos, a participação na festa depende do planejamento de um novo trajeto com as características ideais para o desfile. O percurso deve ser aprovado tanto pela prefeitura quanto pelos Bombeiros. As mudanças deverão ser feitas em tempo recorde. Para alguns blocos, faltam só nove dias para colocar os tamborins nas ruas. 

Pedro Aihara garante que o veto não pretende acabar com a folia. Por isso, a corporação irá, até as vésperas do evento, analisar as alterações de percursos. 

O oficial, porém, deixa claro que a prioridade é garantir a segurança de quem escolheu Belo Horizonte para pular Carnaval. Se necessário, a corporação promete interditar os grupos que se recusarem a fazer as mudanças.

Reuniões

Alguns blocos alegam sequer terem sido notificados. Esse seria o caso do Volta Belchior, que desfila no bairro Santa Tereza, região Leste de BH. Segundo a organização do grupo, ocorreram várias reuniões com Belotur e BHTrans e essa questão não teria sido colocada em pauta.

Para o fundador do Baião de Rua, Vandilson Ribeiro, a medida pode causar transtorno. “Nem estava sabendo. Já fizemos toda a divulgação e vai vir gente de fora para participar”.

Outros grupos já começaram a se adequar. O Aloprado, do bairro Prado, sairia da avenida Francisco Sá, mas planeja seguir pela rua dos Pampas. “Em 2017 fomos interditados por causa do risco de alagamento no percurso”, conta um dos coordenadores do bloco, Ricardo Scheid. 

A representante do bloco Corte Devassa, Lira Ribas, afirmou que o trajeto do grupo continua praticamente o mesmo. Em reunião com a Belotur, ficou acordado apenas que o grupo não ocuparia mais o Viaduto Floresta, onde costumavam ficar por cerca de duas horas, para que o trânsito continue fluindo na região. 

“Continuamos concentrando na Sapucaí, passamos pelo viaduto Santa Tereza, e avenida Afonso Pena. Resolvemos porque é uma mudança pequena, que não afetaria a gente. Pensamos que assim como temos direito de ocupar a cidade, quem não participa do Carnaval também deve conseguir transitar”, disse.

Em nota, a prefeitura de BH informou ter recebido dos Bombeiros “uma série de sugestões e recomendações para alguns blocos de Carnaval”. O Executivo municipal pondera que a preocupação maior é com a segurança dos foliões e não há interesse em impedir qualquer desfile. Uma reunião entre Belotur e Corpo de Bombeiros está marcada para hoje.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por