Visita à UFMG reavalia riscos da Stock Car para tentar 'sensibilizar PBH e organizadores'
Novo documento sobre possíveis impactos da corrida será preparado e entregue ao município e responsáveis pelo evento
Uma nova visita técnica para verificar possíveis impactos da realização da Stock Car na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) foi feita nesta sexta-feira (24). O evento de automobilismo está marcado para agosto em Belo Horizonte.
De acordo com a parlamentar Beatriz Cerqueira (PT), que solicitou a visita, o objetivo é "sensibilizar prefeitura e organizadores da Stock Car".
"A questão é o local escolhido, que terá impactos irremediáveis. Se não tivesse consequências, outras capitais teriam aceitado o evento", disse.
No mês passado, foi realizada uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas (ALMG) para discutir o tema. De acordo com Beatriz Cerqueira, será produzido um novo documento com "posicionamentos e recomendações" que será entregue à Comissão de Educação da ALMG.
Entre as preocupações, estão os impactos na Escola Veterinária e no Hospital Veterinário, que ficam em frente do local que irá receber a maior parte das obras de infraestrutura do evento.
Após a primeira visita, mês passado, lembra a deputada, foi enviado, à prefeitura de BH, aos organizadores e patrocinadores da Stock Car, um documento sugerindo a mudança do local, informando as consequências da realização do evento para a comunidade acadêmica e àqueles que utilizam os serviços do Hospital Veterinário.
Afonso de Oliveira, professor e diretor da Escola Veterinária, contabiliza que, durante todo o tempo dedicado à realização da corrida, o hospital deve parar as atividades e deixar de atender cerca de 100 animais por dia.
"Seremos impactados por cerca de um mês, entre instalação, corrida e encerramento. São mais de 200 funcionários que trabalham remunerados por projetos - eles serão remunerados sem prestar serviço, ficaremos em situação financeira questionável - vamos pagar funcionários sem poder atender quem nos procurar. É preocupante porque vai impactar os animais e as comunidades docente e dicente", contextualizou.
O Hoje em Dia procurou a prefeitura de BH e a organização da Stock Car solicitando um posicionamento a respeito da visita técnica e dos apontamentos feitos por parlamentares e docentes e irá atualizar esta matéria quando tiver retorno.
Entenda o caso
A Universidade Federal de Minas Gerais está no centro da discussão sobre os impactos da competição de Stock Car. Prevista para ocorrer entre os dias 15 e 18 de agosto, a etapa da corrida em Belo Horizonte marca o início de um contrato de cinco anos entre a Prefeitura da Capital e os organizadores.
Dada a proximidade do evento com a UFMG, a universidade terá quatro acessos fechados nos dias próximos à competição: no estacionamento do Instituto de Ciências Biológicas, no Hospital Veterinário, no Centro Esportivo Universitário (CEU) e no Centro de Treinamento Esportivo (CTE).
Além de impedir o acesso de estudantes e pesquisadores, a corrida deve ter efeitos nocivos sobre animais internados ou residentes na universidade. Segundo convidados já ouvidos em audiência pública, um dos riscos é que o barulho cause estresse e convulsões nos animais do Hospital Veterinário. Isso pode levar a fraturas e, em alguns casos, resultar em necessidade de eutanásia. Também há risco de mortes de roedores que se reproduzem, para fins de pesquisa, no Biotério Central.
Além disso, o treinamento de atletas de alto rendimento poderá ser prejudicado. A comunidade acadêmica tem reclamado da falta de diálogo da prefeitura para a autorização do evento.
A Comissão de Educação já realizou uma audiência pública e uma visita sobre o assunto, também tratado em audiência da Comissão de Meio Ambiente.