(Carlos Rhienck)
O Zoológico de Belo Horizonte está cada vez mais povoado. Em 2014, o espaço recebeu 40 novos habitantes – entre eles os tão esperados gorilinhas filhos de Imbi e Lou Lou com o macho Leon. Com as novas atrações, a Fundação Zoo-Botânica (FZB) da capital soma, atualmente, 912 bichos que encantam os milhares de visitantes que lotam o espaço principalmente nos fins de semana. A seção mais procurada pelos frequentadores é a de mamíferos. São 157 animais exóticos e brasileiros. Além dos gorilas, neste ano nasceram quatro micos-leões-dourados e dois filhotes de órix – um tipo raro de cervo. Antes de se reproduzirem, os mamíferos são avaliados criteriosamente. A análise vai desde a situação deles na lista internacional de animais ameaçados de extinção até a identidade genética de cada indivíduo, uma vez que “parentes” não podem cruzar entre si. “A principal característica dessa espécie é que a reprodução é feita em casais e não em grupos. Por isso é preciso evitar a aproximação consanguínea. O manejo e a vulnerabilidade da espécie na natureza também são considerados”, explica a bióloga do setor, Vivian Teixeira Fraiha. Dependendo da espécie, o período de gestação dos mamíferos varia de três meses (roedores) a dois anos (elefantes). Após o nascimento, a responsabilidade de cuidar dos filhotes é dos pais. São eles que dão banho, tomam conta da alimentação e ensinam os primeiros passos. A separação dos adultos, caso raro no zoo, ocorre apenas quando o animal é rejeitado pela mãe ou está doente. “Apenas o órix precisa dos cuidados com veterinários logo nas primeiras horas de vida para curativos no umbigo, evitando o risco de contaminação e infecção”, diz Vivian. Na seção de aves, o período reprodutivo vai de setembro a março. Ainda no início do atual ciclo de procriação, o setor já contabiliza o nascimento de 11 exemplares de variadas espécies. De acordo com a bióloga Ângela Faggioli, grande parte dos animais apresenta facilidade em reproduzir em cativeiro. “As aves conseguem um bom resultado reprodutivo por estarem alojadas num ambiente que se assemelha ao habitat natural delas”. Para estimular a reprodução, elas têm acesso a uma variedade de alimentos, recebem acompanhamento nutricional e a interferência humana é mínima. O período de incubação varia de 15 a 20 dias. As novas aves, no entanto, nem sempre são vistas no zoológico. Grande parte dos filhotes fica em locais tranquilos, mais afastados do público, até a idade adulta, período em que já conseguem viver sem o auxílio dos pais. “A saída dos abrigos acontece quando eles conseguem voar e se alimentar de maneira independente”, diz Ângela. Tempo Por terem o metabolismo lento, os répteis são os mais demorados quando o assunto é reprodução. Neste ano, a seção registrou o nascimento de 15 tartarugas-tigres-d’água e duas jiboias. “Atualmente, o plantel dessa espécie está excedente aqui e estamos fazendo um manejo”, explica o técnico responsável pelo setor, Luís Eduardo Coura. Em 2013, 51 tartarugas-tigres-d’água nasceram no zoo da capital. O período de incubação dos répteis varia de cinco a oito meses. Os locais para o desenvolvimento dos ovos são, em geral, buracos em areia, barro ou grama. Luís Coura afirma que, para haver reprodução da espécie, é preciso ter atenção redobrada com a climatização dos recintos e a alimentação. “Para facilitar a cópula. Após o nascimento, os filhotes são retirados dos recintos para evitar a fuga e os predadores naturais”. Gorilinhas foram as ‘estrelas’ em 2014 Integrantes da lista internacional de animais ameaçados de extinção, filhotes de Lou Lou, Imbi e do macho Leon foram as grandes atrações deste ano no zoológico. Os pequenos nasceram no segundo semestre e ganharam a atenção de todo o mundo por serem as primeiras procriações da espécie registradas na América do Sul. “Eram gestações muito esperadas. Além disso, a espécie é considerada como de difícil reprodução em cativeiro”, explica a bióloga Vivian Fraiha. Leon, que chegou no final de 2013 para formação de grupo reprodutivo, é, com Lou Lou, pai de Sawidi, nascido em agosto. Já o filhote do macho com Imbi ainda não foi “batizado”. Entretanto, o nome da cria está bem perto de ser conhecido. Desta segunda-feira (1º) até 15 de dezembro, o público poderá decidir como o pequeno será chamado. A votação será disponibilizada no site da Prefeitura de Belo Horizonte. A escolha será divulgada um dia após o encerramento do pleito. As opções são Ayo, que significa “felicidade”; Bakari, que quer dizer “o que terá sucesso”, e Jahari, “jovem forte e poderoso”. Para facilitar a participação do público, nos espaços da Fundação Zoo-Botânica serão disponibilizados três terminais com acesso à internet. Proteção No zoo, Sawidi e o irmão passam os dias sob os cuidados dos pais. Eles se alimentam de leite materno e migalhas de frutas que as mães oferecem aos filhotes. “As fêmeas passam todo o tempo com eles. Brincadeiras e carinho são constantes”, contou a bióloga. Apesar de serem as principais atrações do espaço, os filhotes serão transferidos para outras instituições. A medida é para evitar a reprodução consanguínea e também uma possível disputa entre os machos da mesma espécie. O período mínimo de permanência deles em BH é de seis anos – tempo suficiente para o crescimento e a independência dos animais. Convivência é importante O convívio entre filhotes e adultos é importante para o desenvolvimento dos pequenos animais. No caso dos mamíferos, o processo de separação dos pais é feito de maneira lenta e apenas quando o animal jovem assume a liderança de outro grupo. “Esperamos que o animal vivencie o nascimento de outro filhote, os cuidados com a espécie para que possa desenvolver os mesmo hábitos em outro grupo”, esclarece a bióloga Vivian Teixeira Fraiha. Entretanto, nem sempre esse processo de convivência é possível: pode haver competição entre as espécies ou até mesmo rejeição. “Quando esse estresse é observado no grupo a separação é a melhor saída para evitar brigas”, explica o biólogo Luís Coura.