Vistoria do Corpo de Bombeiros nos museus de Minas deve durar até dois meses

Simon Nascimento
scruz@hojeemdia.com.br
10/09/2018 às 19:52.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:23

(Maurício Vieira)

A varredura nos museus mineiros para verificar as condições de segurança foi iniciada ontem. Os trabalhos irão contemplar, em um primeiro momento, 350 dos 432 espaços culturais instalados no Estado. Os 20% restantes devem ser vistoriados em até dois meses.

A fiscalização, realizada por uma força-tarefa formada por vários órgãos, verifica a infraestrutura e a documentação dos equipamentos públicos. A iniciativa busca evitar tragédias como a ocorrida em 2 de setembro no Museu Nacional do Rio de Janeiro, que foi tomado por um incêndio e teve o acervo destruído.

A ordem do pente-fino foi definida por critérios geográficos. Conforme o tenente Pedro Aihara, do Corpo de Bombeiros de Minas, as ações, inicialmente, serão executadas em municípios de maior porte. “Porém, todas as edificações vão receber a mesma atenção. A determinação que temos é a de que sejam vistoriados dentro desse prazo (60 dias)”, frisou.

Crítica

A metodologia adotada, porém, foi criticada. “O imprevisto pode ocorrer a qualquer momento, independentemente de ser um grande museu ou um de menor porte. É uma temeridade”, avaliou o criador do curso de museologia da UFMG, Paulo da Terra Caldeira.

Para ele, além da intensificação da fiscalização, é preciso mais investimentos. “O problema fundamental é a falta de verba para a fiscalização, aquisição e manutenção de acervo e, também, contratação de pessoal. São várias situações que precisam ser repensadas pelo governo”, disse.

Supervisora técnica do Museu de Artes e Ofícios, na Praça da Estação, no hipercentro da capital, Gabriela Araújo também criticou a falta de incentivo. “O museu não é lugar para se descuidar. Nossa história está aqui e estava lá no Rio de Janeiro”, lamentou Gabriela.

Inspeção

Ontem, no primeiro dia dos trabalhos da força-tarefa, a equipe de reportagem do  Hoje em Dia acompanhou o pente-fino no Museu de Artes e Ofícios. Por lá, os agentes verificaram se o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) estava em dia, condições dos hidrantes, validade dos extintores de incêndio, funcionamento do sistema de alarmes em caso de urgência, ligações elétricas e sinalização.

As placas que indicam as saídas de emergência também foram averiguadas. “Com a tragédia no Rio de Janeiro, a população está bem receosa de frequentar esse tipo de ambiente. A operação busca dar tranquilidade ao público e garantir a segurança das peças históricas”, enfatizou Pedro Aihara. Após cada visita, ainda conforme o tenente, é emitido um relatório, que é avaliado pelos demais órgãos púbicos envolvidos na operação.Maurício VieiraBombeiros verificam saídas de emergência, placas de sinalização e sistema elétrico das instalações 

Sem balanço

Um balanço com as ações feitas pelo Corpo de Bombeiros deve ser divulgado hoje. Em nota, a Secretaria de Estado de Cultura informou que os museus mineiros passaram por reformas estruturais recentes, especialmente nas instalações elétricas e no sistema de segurança. “Periodicamente, são realizados treinamentos de brigadistas que atuam nessas instituições. O Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha) é parceiro constante nesse trabalho”, diz a nota enviada pela pasta. Ainda segundo a secretaria, desde 2015, foram investidos R$ 3,6 milhões em ações de reforma e adequação.

  

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