Vítimas de desabamento no Caiçara ainda lutam na Justiça pelo ressarcimento do prejuízo

Raquel Ramos - Hoje em Dia
13/01/2015 às 07:59.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:39
 (LUCAS PRATES)

(LUCAS PRATES)

Janeiro é um mês de tristes lembranças para o representante comercial Helvécio José Tibães. Nos primeiros dias de 2012, ele viu o prédio onde morava com a família há quase duas décadas, no bairro Caiçara, na região Noroeste da cidade, desabar após uma temporada de fortes chuvas sobre Belo Horizonte. Três anos após o episódio, ele ainda tenta refazer a vida, assim como as outras oito famílias que perderam tudo o que tinham no desastre. A esperança é que, nos tribunais, todos consigam recuperar ao menos o valor dos bens soterrados.

A espera pela indenização, no entanto, pode levar mais tempo do que imaginam. Embora o laudo técnico que aponta as causas do desabamento tenha sido concluído no fim de 2012, como informou a assessoria de imprensa do Fórum Lafayette, o processo ainda está em fase de citação dos réus, para que tomem conhecimento do resultado da perícia.

Parte da demora ocorre devido à condição de saúde de um dos acusados – um engenheiro responsável pela construção. Nesses casos, um perito médico deve avaliar o problema de saúde. Como a família se recusa a pagar o valor da consulta, é preciso aguardar um laudo da perícia técnica, feito pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais, para dar continuidade ao processo, o que não há prazo para acontecer.

“Além desses entraves, ainda temos que lidar com a morosidade comum da Justiça brasileira. Há vários recursos e apelações previstos na legislação que podem atrasar ainda mais a conclusão do caso”, observa o advogado Adriano Cardoso da Silva, representante dos moradores.

Ainda com uma previsão pessimista quanto à duração do processo, o defensor acredita que todos conseguirão reaver os prejuízos financeiros do desabamento, mesmo que em longo prazo.

 

Alternativa

Enquanto isso não ocorre, cada família se vira como pode. Helvécio, por exemplo, mudou-se para o porão da casa da mãe, onde mora de favor com a família. Antes disso, porém, chegou a viver separado da esposa e da filha, que receberam abrigo em outra residência de conhecidos enquanto não arranjavam um lar definitivo.

O agente socioeducativo Glauco Peixoto Inácio, de 34 anos, residia com a mãe, há mais de uma década, no apartamento 101 D, herança do pai dele. Por um tempo, eles foram amparados por familiares em Caeté, na região metropolitana de BH. Agora, pagam aluguel de um imóvel no bairro Betânia, na região Oeste. “Perdemos tudo. De documentos de identidade a bens de maior valor, como um carro. Recebemos ajuda de várias pessoas, mas nenhum auxílio dos órgãos públicos”, lamenta o morador.

Além do prejuízo financeiro, a costureira Maria Luiza Demas carrega sequelas emocionais. Logo após a tragédia, ela entrou em um quadro de depressão, problema que até hoje não superou. “Preciso recorrer aos remédios. Ainda estou em estado de choque”. 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por