(Reprodução Facebook Carlos Cristian libras)
O tema da redação do Enem 2017 é um dos principais assuntos nas redes sociais nesta segunda-feira (6). E foi por meio de uma delas que o belo-horizontino professor de libras, formado em letras e empresário Carlos Cristian manifestou sua indignação diante das críticas de candidatos que afirmaram desconhecimento do tema. "Foi invisível pois você nunca esteve interessado em saber", publicou em seu perfil no Facebook.
Nesse domingo (5), os estudantes tiveram que escrever um texto dissertativo-argumentativo, com até 30 linhas, sobre “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”. O tema escolhido dividiu opiniões. Até na postagem de Carlos, que já teve cerca de mil compartilhamentos, houve gente se posicionando contra. "Perfeito seria se abrangessem a inclusão como um todo. O percentual de surdos ainda é bem inferior aos dos portadores de deficiência neurológica, de TEA e afins. Todos devem ser vistos dentro da mesma ótica e não somente uma parte destes inclusos", publicou uma internauta.
Na postagem de Carlos, ele contabiliza mais 9,7 milhões de surdos no Brasil em busca dos direitos reconhecidos. De acordo com o professor, "2017 está sendo o primeiro ano em que a prova é acessível em Libras, através de prova em vídeo, para candidatos surdos; esse mesmo ano se faz aniversário de 15 anos da lei que reconhece a Libras como língua oficial da comunidade surda do Brasil; 160 anos do Instituto Nacional de Educação de Surdos, etc. Embora todas estas conquistas que citei e tantas outras que não irei mencionar aqui, muita gente diz que nunca viu um surdo", argumentou.
Em conversa com a reportagem do Hoje em Dia, Carlos que tem duas escolas, uma on line e outra física, explicou que quer separar essa ideia de deficência e surdez. "Nós surdos não nos vemos como deficientes. Quando me perguntam: você é deficiente? Eu respondo: não, sou só surdo".
Ele contou ainda que, desde cedo, aprendeu a lutar pelos próprios direitos. "Ser surdo não tem a ver com ouvir ou não ouvir. Ser surdo é uma identidade. É se aceitar, não como deficiente e sim apenas diferente. É usar a libras como língua. É ter a forma própria visual de ver o mundo".
Leia a carta aberta publicada por Carlos:
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