Doar-se ao outro sem esperar nada em troca e ter gratidão pelo que sobra dentro de si, transformando amor e carinho em generosidade e compaixão. É o que existe em comum entre Frederico, Juliane, Fernanda, Gabriella, Marlo e Anna. Belo-horizontinos que encontraram no poder da solidariedade o caminho para a felicidade plena, eles representam uma legião de voluntários que fazem do Natal um momento mais do que oportuno para distribuir bons sentimentos.

Oferta de brinquedos, de comida, mochilas, materiais escolares ou simplesmente de abraços e sorrisos. O que é compartilhado importa pouco. Para essas pessoas, essencial mesmo é repartir entre todos algumas das oportunidades que poucos têm. 
 WESLEY RODRIGUES 

Compromisso afetivo

Em 2011, o acupunturista Frederico Sálvio, de 44 anos, recebeu uma missão: distribuir lentilhas para moradores de rua. Mal sabia ele que o pedido daquela senhorinha lhe renderia um compromisso especial e que iria muito além do simples ato de doar: mudaria a própria vida. Há cinco anos, Fred fundou a Macarronada Solidária, grupo que, voluntariamente, aos domingos, alimenta corpo e alma de quem sequer tem um teto; vive na Praça da Estação. 

Amanhã, no almoço de Natal, terá mousse de chocolate. “O macarrão é só um pretexto, uma desculpa para conversar, dar um abraço. Meu compromisso está firmado e não estou preocupado com o que vou ou não receber em troca. Vai ser sempre assim”. Mais do que solidariedade, para ele, a palavra é carinho.

Saiba mais: facebook.com/macarronadasolidaria 
 CRISTIANO MACHADO 

Por uma vida mais leve

Sete vezes ao mês, a formalidade da roupa social e do salto alto é substituída pelo uniforme despojado e divertido da doutora Jujuba. Colorida dos pés à cabeça e transformada de dentro para fora, a servidora pública Juliane Bellico de Faria, de 49 anos, se traveste de palhaça para fazer uma das coisas que mais gosta nessa vida. Ela é coordenadora do Doutores Palhaços de Belo Horizonte, grupo de 147 voluntários que, há quatro anos, visita hospitais, abrigos e casas de idosos num ato espontâneo e generoso de amor e compaixão. “É tudo uma doação. Sinto no outro a necessidade de receber uma demonstração de carinho. Depois de um dia estressante, por mais difícil que seja, é nessa hora que me entrego e relaxo. Quando me visto de palhaça, minha vida muda”, diz. Das histórias que marcaram, Juliane lembra de um paciente terminal: doutor Gostoso, como se batizou. “O sonho dele era virar palhaço. E nós realizamos. Compramos peruca e levamos maquiagem. Ele recebeu alta, mas morreu um tempo depois”, conta. Amanhã, a visita será diferente: Jujuba vai para o Restaurante Popular I. Para ela, gratidão resume.

Saiba mais: facebook.com/doutorespalhacosdebelohorizonte
 Arquivo Pessoal

Felicidade compartilhada

Há 17 anos, a servidora pública Fernanda Melo Paschoalin, de 41 anos, passou a compreender o verdadeiro significado da palavra generosidade. Mais que isso, passou a vivê-la. Ao longo do ano, ela recolhe brinquedos e mochilas novos, material escolar e cestas básicas e recebe doações em dinheiro. Tudo tem um destino certo: pessoas que vivem em regiões “invisíveis” da Grande BH, onde a necessidade maior vai além do presente físico. “São crianças muito sensíveis, emocionalmente vulneráveis, que muitas vezes só comem o que recebem na creche. A gente busca a felicidade em tanta coisa, mas, para mim, a melhor forma de encontrá-la é doando-se ao outro. Voltamos cheios de energia boa”. Este ano, o Natal Amigo arrecadou cerca de R$ 20 mil, R$ 11 mil em material escolar e pelo menos cem kits prontos de mochila e material. Mais de 300 crianças foram presenteadas. “Quero me dedicar a um projeto maior”, diz. 

Como ajudar: femelo@hotmail.comWESLEY RODRIGUES

Bagagem de oportunidades

Gabriella Campos Medeiros de Souza, de 26 anos, conheceu o marido, Marlo Pires de Campos Júnior, 31, em 2012. Desde então, eles vêm construindo laços que vão além daqueles que os unem, matrimonialmente, há um ano, quando casaram. Distantes 500 quilômetros de realidades muito opostas às suas, eles apoiam, de BH, a ONG Missão Vale. O projeto tem como premissa dar oportunidade a moradores de comunidades rurais de Jequitinhonha, no Vale do Jequitinhonha, em Minas. Pessoas extremamente carentes. 

Daqui a dez dias, eles partem, de ônibus, para uma viagem de 12 horas, e no destino ficarão por 15 dias. Na bagagem levam presentes de Natal para meninos e meninas de uma escola municipal. São 237 mochilas abastecidas com material escolar, livros de literatura infantil e bíblias, tudo proveniente de doação. “Como cristãos que somos temos o papel de transformar a sociedade, de dar oportunidade para que as pessoas façam suas próprias escolhas”, diz Gabriella. Senso de justiça é o que o move o casal. 

Como ajudar: palavraaovale@gmail.comDivulgação

Partilha de amor e de solidariedade

Às vésperas do Natal, a advogada Anna Paula Costa Ribeiro Barbosa, de 32 anos, abriu mão de ficar com o marido e do próprio trabalho para compartilhar solidariedade e compaixão com moradores de Ponto dos Volantes, no Vale do Jequitinhonha. Para lá, onde ficaram por quatro dias, ela e outros 46 voluntários do projeto Criança Feliz levaram 17 toneladas de alimentos, 2.500 brinquedos novos, 50 mil peças de roupas e calçados, mil livros e kits de higiene pessoal, além de muito amor e dedicação. O material foi arrecadado ao longo de três meses, em Belo Horizonte, e distribuído para moradores da zona rural do município de 11 mil habitantes. Ela resume a ação como um ato de gratidão. “Nessa vida, a gente precisa ter gratidão por tudo que vem até nós e, de alguma forma, ajudar os que precisam. É mais do que uma obrigação transformar o Natal de uma criança, uma data tão simbólica, um dia tão feliz. Tem meninos que recebem o presente e não sabem o que fazer com ele. Nunca haviam ganhado nada”, conta. 

Como ajudar: annapaulacosta@hotmail.com

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