O Zoológico de Belo Horizonte está com um novo morador. Ele tem 27 anos, ainda não possui filhotes e veio da Hungria. É o gorila macho Bu-Bu, que já está no período de quarentena - que deve durar de 30 a 40 dias -, sem contato com os visitantes. O público só poderá conhecê-lo em janeiro.
Bu-Bu veio do Sosto Zoo por meio de uma parceria entre a Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica e a Associação Europeia de Zoos e Aquários para conservação de gorilas ex situ (conservação fora do local de origem).
De acordo com a prefeitura da capital, Bu-Bu chegou para reestruturar o grupo de gorilas locais: o zoológico de BH segue recomendações e diretrizes da Associação Europeia de Zoológicos e Aquários e do Programa Europeu de Espécies Ameaçadas de Extinção (EEP/Eaza), que objetiva manter populações saudáveis sob os cuidados humanos, priorizando o bem-estar dos animais.
Para receber o gorila Bu-Bu, o recinto original de gorilas (área de manejo/cambiamento) passou por várias reformas e adaptações, seguindo as mais modernas técnicas e conceitos de segurança e bem-estar específicos para a espécie. O Jardim Zoológico de BH possui área de quarentena apropriada para receber animais de grande porte (gorilas, chimpanzés, leões, tigres, onças, etc.), onde Bu-Bu será alojado neste primeiro momento.
O local foi reformado para a chegada do novo morador, sendo aprovado integralmente pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Dezesseis agentes públicos dos setores de mamíferos, hospital veterinário, nutrição e bem-estar animal, dentre eles, 4 médicos veterinários, 5 biólogos, 5 agentes de serviços ambientais e 2 auxiliares de tratação animal foram envolvidos no processo.
Grupo silverback
Os grupos de gorilas são formados pelo silverback – ou macho alfa, fêmeas adultas e indivíduos jovens e bebês de ambos os sexos. Na natureza, ao atingir a maturidade sexual, tanto machos quanto fêmeas deixam seu grupo natal por opção própria ou quando são expulsos pelo silverback. Dois dos jovens gorilas, nascidos no zoológico de Belo Horizonte, já haviam atingido a maturidade sexual e, com o tempo, passaram a confrontar seu pai (silverback), um comportamento normal e saudável na sociedade dos gorilas, que poderia se tornar acentuado na presença de três fêmeas.
Para assegurar o bem-estar físico e mental dos animais, o EEP/Eaza recomendou, com base em sua grande experiência com a formação de inúmeros grupos de machos desta espécie, em vários zoológicos europeus, que os quatro machos do Zoológico de Belo Horizonte (o pai e seus três filhos) fossem transferidos para o Animália Park, o que ocorreu em maio deste ano.
Com o objetivo de continuidade do programa reprodutivo para esta espécie em Belo Horizonte, o EEP/Eaza recomendou, com base em análises genéticas e comportamentais, a transferência de um novo macho adulto proveniente da Hungria, a fim de introduzir uma nova linhagem genética junto às fêmeas mantidas em BH, contribuindo com os esforços de conservação desta espécie. Um dos objetivos do programa é de futuramente devolver grupos saudáveis e reprodutivos à natureza.
Os Gorilas do Zoo de BH
O Zoo de Belo Horizonte mantém gorilas desde 1975, quando recebeu o Idi Amin. As tentativas de se formar um grupo com potencial reprodutivo só foram concretizadas em 2010, quando a Associação Europeia de Zoológicos e Aquários aprovou a entrada do Jardim Zoológico de Belo Horizonte no seu Programa Ex Situ de Gorilas, como “participante não membro”, habilitando-o para o programa de conservação da espécie. Um grupo reprodutivo composto inicialmente pela importação de duas fêmeas adultas e, posteriormente, pela importação de um macho e uma fêmea adulta, foi constituído e, entre 2014 e 2021 registrou-se o nascimento de cinco filhotes, sendo o único registro de reprodução da espécie na América do Sul.
O Jardim Zoológico da FPMZB possui extensa experiência na manutenção e na conservação de animais silvestres, adquiridos em seus 65 anos de história. Possui uma equipe multidisciplinar composta por biólogos, médicos veterinários, zootecnista, educadores, cuidadores de animais e vários outros profissionais de diversas formações que trabalham continuamente para manter adequadamente o plantel de 3.586 animais de 205 espécies diferentes, além de receber aproximadamente 600 mil visitantes por ano.