Mineirão de volta às origens com mistura de esporte e política

Do Hoje em Dia
22/12/2012 às 07:17.
Atualizado em 21/11/2021 às 19:56

Adversários políticos, a presidente Dilma Rousseff (PT) e o governador Antonio Anastasia (PSDB) se uniram ontem na confraternização que marcou o fim das obras do Mineirão iniciadas há três anos e que custaram mais de R$ 666 milhões. A expectativa agora é pelo retorno dos jogadores ao campo, previsto para 3 de fevereiro com o clássico Atlético e Cruzeiro. Desde a inauguração em setembro de 1965, os dois disputaram neste estádio 214 partidas.

Política e esporte sempre estiveram presentes no Mineirão, que nasceu de um projeto de lei apresentado pelo deputado estadual Jorge Carone e aprovado em agosto de 1959. O governador Bias Fortes, do PSD, tratou de tirar a lei do papel, iniciando em fevereiro de 1960 as obras de construção do estádio. No mesmo ano, Magalhães Pinto, da UDN, se elegeu governador. No ano seguinte, ele interrompeu o que o adversário político começara. Mas, em 1963, a seleção mineira venceu o campeonato brasileiro, seguindo-se uma forte pressão da imprensa em favor da construção do Mineirão.

Magalhães não pôde resistir. Em compensação, nove meses antes que o estádio fosse inaugurado, um adversário político, o prefeito de Belo Horizonte, Jorge Carone, foi cassado. O autor da ideia do Estádio Minas Gerais – que foi seu primeiro nome oficial – nunca mais conseguiu recuperar o enorme prestígio político nas urnas. Porém, o futebol mineiro experimentou grande impulso com o Mineirão, que foi palco de 3.386 partidas. Numa delas, um clássico Atlético e Cruzeiro realizado no dia 4 de maio de 1969, estavam presentes 123 mil torcedores.

Um recorde que jamais será quebrado, pois o novo Mineirão tem capacidade para pouco mais de 62 mil pessoas, todas sentadas em cadeiras numeradas. Foi suprimido o espaço da geral, onde pessoas de baixa renda podiam ver em pé os jogos, pagando ingressos baratos. Agora existem 98 camarotes que têm capacidade total para 2.024 torcedores. O menos caro desses camarotes, com 20 lugares, custa R$ 300 mil por temporada. Algo como R$ 170 por evento realizado, para cada ocupante desse camarote modesto.

Com o novo Mineirão – que será administrado pelo consórcio Minas Arena, formado por três sólidas construtoras – o futebol parece caminhar para voltar às suas origens, de esporte das elites. Mas não deve seguir nesse rumo, pois nossos políticos têm bom senso. O futebol precisa continuar sendo um esporte de massas, com ingressos a preços acessíveis aos operários.

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