Por onde passa, a Seleção Brasileira promove uma intensa mistura de sotaques e paixões. Até mesmo aqueles que são rivais entre os clubes que torcem se unem na paixão pela camisa verde e amarela. E não foi preciso andar por muito tempo nos arredores do Mineirão para perceber que, nesta terça-feira (8), o Gigante da Pampulha terá a mais democrática das torcidas.
No Mineirão, até mesmo quem tem outra nacionalidade é bem vindo. Que o diga o peruano Augusto (Tito) Abarca, de 28 anos. Engenheiro civil radicado em São Paulo há quatro meses, ele aproveitou o convite de amigos e veio ao Gigante da Pampulha para conferir o embate contra a Alemanha, que vale vaga na final da Copa do Mundo. Portando uma camisa do Corinthians amarela com o número nove às costas, para lembrar do ídolo Paolo Guerreiro e da equipe canarinho, ele se mostrou confiante para o embate desta tarde.
“Uso essa camisa amarela com o número 9 porque o Paolo (Guerrero) é o melhor jogador do Brasileirão e adotei o Brasil como país. Espero que hoje o Brasil ganhe para que a festa sul-americana siga aqui. Caso enfrenta a Argentina, vou torcer pelo Brasil na final”, garantiu o entusiasmado Peruano, que fazia festa ao lado dos amigos “Malpi”, “Ojón” e “Rodo”.
Rivalidade deixada de lado
A Seleção Brasileira tem o poder de unir até mesmo quem não gosta da cor da camisa do adversário. Como é o caso do pernambucano Belmiro Campos, de 33 anos, advogado e torcedor do Santa Cruz, que veio a Belo Horizonte ao lado do amigo Marco Aurélio Peixoto, de 34 anos, rubro-negro da Ilha do Retiro.
Em meio às provocações, naturais de qualquer rivalidade estadual, eles fizeram questão de mostrar o orgulho por vestir verde e amarelo. Só sentiram a falta do conterrâneo, Hernanes. “Se o Felipão tinha a ideia de jogar com três volantes, deveria ter testado o Hernanes. Ele, sem dúvida, está entre os três melhores do país. Não pode ser deixado de fora em detrimento do Paulinho”, avaliou o rubro-negro Marco Aurélio.
Belmiro Campos, por sua vez, sentiu falta de outro pernambucano. Puxando “a sardinha” para seu lado, o torcedor do Santa Cruz garantiu que faltou Caça-Rato. “Faltou o Caça-Rato. Faltou, mas porque ele não quis vir. Como o Felipão não o convocou antes, ele resolveu não substituir o Neymar. Um injustiçado. Para ficar parado, faz mais pelo Fred”, brincou o tricolor.
Orgulho xavante
Não é só clubes de expressão que são vistos no Gigante da Pampulha. É o caso dos gaúchos Ricardo Estrela, de 32 anos, e Marcel Morais, de 35. Naturais de Pelotas, eles fizeram questão de expressar a torcida pelo Brasil, um dos clubes mais tradicionais do Rio Grande do Sul. Cada um veio a Belo Horizonte da sua forma, mas o “orgulho xavante” os aproximou.
“Nos encontramos do nada. Vi essa bandeira fui conversar com ele. Somos a torcida mais apaixonada do interior do país”, cravou o Ricardo Estrela.
Ao ser questionado se encontraram um torcedor do Pelotas, o torcedor xavante Marcel Morais brincou com a rivalidade entre as equipes. “O melhor é que não encontramos nenhum torcedor do Pelotas por aqui. Lá em Porto Alegre, existem lojas do Grêmio e Inter. Isso não existe em Pelotas. É utopia. Apesar da rivalidade, um depende do outro. É a maior rivalidade do Rio Grande do Sul”, explico Marcelo Morais.
Ricardo e Marcel expressaram o orgulho xavante (Foto: Wallace Graciano)
Marcelo, por sinal, vive uma situação especial. É a primeira vez que acompanhará a Seleção Brasileira in loco. Ele afirmou que vai ser difícil segurar a emoção, que, segundo ele, é equivalente a que sente pelo Brasil que veste rubro-negro.
“É o primeiro jogo que vou ver a Seleção Brasileira, vou me emocionar muito, isso é certeza. E, tchê, estou muito esperançoso. Acredito que vai ser 1 a 0, gol aos 45 minutos, do Fred, deitado. Estilo Dadá Maravilha. Fazendo um gol emblemático no Mineirão”, disse Marcelo.
Seu amigo xavante mostrou o mesmo otimismo e disse que o Brasil não sentirá muito a “Neymardependência’. “Vai ser 1 a 0. Gol do Dante. Ele vai xingar os caras em alemão. Vai ser difícil sem Neymar, claro, mas acredito que a Seleção vai se soltar sem ele. Hoje não temos a pressão e não haverá a “Neymardependência”, concluiu.