Ao dar posse sábado a dois deputados do PMDB e a um político do PDT ligado ao presidente do partido, ex-ministro Carlos Luppi, nos ministérios da Agricultura, da Aviação Civil e do Trabalho, a presidente da República afirmou que é preciso valorizar a parceria de quem dá apoio ao projeto político do governo.
“Muitas vezes, algumas pessoas acreditam que a coalizão é algo incorreto do ponto de vista político”, admitiu Dilma Rousseff, insistindo, porém, que a incapacidade de construir coalizões estáveis, como na Itália, leva a um processo de deterioração da governabilidade. A história tem demonstrado que, quando um governo não consegue fortalecer as forças que lhe dão sustentação, ele é derrubado. Um governo sem maioria no Congresso Nacional tem dificuldades enormes para solucionar conflitos fiscais, até mesmo em democracias consolidadas, como nos Estados Unidos.
No entanto, para alguns críticos do governo, o rearranjo no ministério tem em vista mais as eleições de 2014 do que propriamente a governabilidade. Inclusive, há quem, como o empresário Jorge Gerdau, líder da Câmara de Gestão da Presidência da República, que critica o excesso de ministérios para acomodar reivindicações partidárias, como prejudicial à gestão pública.
A ministra-chefe da Casa Civil, senadora Gleisi Hoffmann, não discorda desse ponto de vista, que é compartilhado também pela oposição, e diz que em médio e longo prazo a tendência é haver uma convergência de pensamento para uma estrutura mais enxuta do Estado.
Porém, não se espera que isso ocorra antes das eleições de 2014. Para alguns observadores, a nomeação do deputado Antônio Andrade para o Ministério da Agricultura tem como foco as eleições. Ao dar ao PMDB mineiro um cargo importante no governo, a presidente estaria afastando o risco de o partido vir a apoiar, em Minas, a candidatura a presidente do ex-governador Aécio Neves, do PSDB.
Mas o novo ministro, que é presidente do PMDB mineiro, nega essa motivação. Ele acredita que foi escolhido com o objetivo de dar maior dinamismo ao Ministério da Agricultura. Diz que, apesar de ser engenheiro civil, sempre atuou no setor agropecuário, como presidente de sindicato rural e como membro da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados.
Minas tem grande importância na agropecuária brasileira, e o Estado pode ser beneficiado com essa nomeação, como ocorreu quando Alysson Paulinelli foi ministro, na década de 1970.