Moda do estepe na tampa traseira dá indícios de que está perto do fim

Boris Feldman - Hoje em Dia
Publicado em 09/05/2015 às 08:04.Atualizado em 16/11/2021 às 23:57.
E o prezado leitor, já comprou ou ainda está pensando em comprar um utilitário esportivo? Aliás, mais chique com as iniciais em inglês: SUV (de Sport Utility Vehicle). É o segmento que mais cresce no Brasil... e no mundo. Nosso mercado, cheio de carros encalhados, estatísticas de produção e vendas apontadas para o sub-solo, tem fila para comprar Honda HRV. Tem fila para comprar Jeep Renegade. Nestes dois recém-lançados e também no Peugeot 2008 (chegando nos próximos dias), um alívio: abolido o abominável pneu sobressalente dependurado na tampa traseira. É a cereja do bolo na receita da falta de sentido (“non-sense” fica mais chique...) destes “jipinhos”, a nova coqueluche do mercado. Madame que jamais vai se embrenhar barro adentro compra SUV (às vezes 4x4...) para levar filhos ao colégio e fazer compras no shopping.
 
Argumentos razoáveis pró SUV: mais altos e com rodas maiores, superam melhor nossas crateras asfálticas. Oferecem melhor visibilidade. E passam a impressão de serem mais seguros. (Só impressão...)
 
Não tem sentido
 
Tudo começou quando surgiu o primeiro jipe (em 1942), idealizado para carregar soldados em terrenos complicados na Primeira Guerra Mundial. Curtinhos, não tinham porta-malas e o jeito de carregar o estepe era dependurá-lo na traseira, ao lado do camburão com gasolina de reserva. Em 1946, ele foi espichado e surgiu o “Jeep Station Wagon”.
 
No Brasil, foi fabricada como Rural Willys. Maior e mais espaçosa, acomodou o estepe (corretamente) no porta-malas. O neto da Rural foi o Jeep Cherokee, que inaugurou o segmento dos utilitários esportivos. Entre dezenas de marcas que o copiaram, várias recorreram ao estepe externo para conferir ar de “macho”, contraponto ao interior luxuoso, longe da ideia original do jipe.
 
O estepe na traseira entrou em decadência. A Ford só o mantem no Ecosport produzido no Brasil, pois é abominado na Europa. O Spin Active o tem apenas no Brasil, porque na Malásia a GM colocou-o dentro do porta-malas.
 
Nada a favor
 
O estepe dependurado lá atrás prejudica a visibilidade;
 
Dificulta a abertura da tampa traseira;
 
A estrutura necessária para acomodá-lo resulta em pelo menos mais 50 kg de peso. Ou seja, reduz desempenho, aumenta consumo e poluição;
 
Folgas que surgem – com frequência – na articulação de seu suporte provocam incômodos ruídos;
 
Como fica exposto, é irresistível atração para amigos do alheio: haja cadeado para tentar evitar que sejam roubados;
 
Em termos estéticos, é solução horrenda. (Mas, mulheres, em geral, a-do-ram);
 
Finalmente, o mais grave: sobressalente externo fatalmente danifica o capô do automóvel estacionado lá atrás, durante as manobras.
 
Entretanto...
 
Está bem, apesar dos pesares o prezado vai levar um SUV com o “pindurado”, pois sua mulher o achou “uma gracinha”, verdade? 
Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por