(Divulgação)
SÃO PAULO
Com as vendas para o mercado nacional em marcha ré, o setor automotivo, o segundo mais importante para a indústria do aço, vai focar nas exportações. Segundo o vice-presidente da Associação Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Antônio Carlos Botelho Megale, o consumo interno brasileiro não está acompanhando o crescimento da produção.
“Diante desse cenário, as exportações são fundamentais. Mas a qualidade dos veículos tem que ser de primeiro mundo”, afirmou ele, durante apresentação do painel sobre “Competitividade sistêmica da indústria nacional – medidas indispensáveis”, no 25º Congresso Brasileiro do Aço.
A Anfavea tem um plano para acelerar as vendas ao exterior. A meta, para 2017, é exportar 1 milhão de unidades, o que representará 20% da capacidade produtiva.
Hoje, são 400 mil veículos, o correspondente a 15% da produção. Para atingir o objetivo, entretanto, é necessário superar gargalos, como o elevado custo trabalhista.
“O custo da mão de obra no Brasil é absurdo, próximo dos Estados Unidos. Mas nosso nível de produtividade é muito inferior. Sem falar na carga tributária, que no Brasil corresponde a 29% do produto, enquanto no mercado americano é de 7%”, detalhou Megale.
Apesar das dificuldades, a Anfavea avalia que há espaço para crescer. Segundo o vice-presidente da entidade, a frota brasileira pode crescer 50%. “No Brasil, a média é de um automóvel para 5,3 habitantes. No México, a proporção é de um para 4, e na Argentina de um para 3,6. Há um grande potencial de crescimento”, disse.
O Brasil é o quarto maior mercado e sétimo maior produtor do mundo. Entre 2012 e 2018, os investimentos já anunciados, de R$ 75,8 bilhões, estão mantidos e serão destinados a novas fábricas, ampliação das já existentes e apresentação de novos modelos. Desse total, R$ 12 bilhões irão para engenharia e Pesquisa e & Desenvolvimento.
Apatia interna deve durar até 2016, avalia Fenabrave
O presidente e CEO do BMW Group Brasil, Arturo Piñero, previu um cenário de apatia para o país até 2016, por causa da desaceleração e da incerteza da economia brasileira. “Temos dois anos e meio pela frente muito difíceis, por conta da desaceleração da economia.
Temos de estar preparados para enfrentar esse cenário de incerteza e apatia econômica”, disse Piñero, na abertura do 24º Congresso da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), em Curitiba (PR).
O executivo previu um recuo até para o mercado de veículos “premium”, como os da companhia alemã, e diante disso cobrou do governo um marco regulatório que dê previsibilidade aos investidores. “É preciso um marco para investimentos de longo prazo no país. É preciso ter regra clara”, disse.
O executivo ainda criticou a falta de acordos comerciais do Brasil “com países significativos”, os problemas burocráticos e de infraestrutura, além da questão fiscal. “Um carro novo hoje tem 54% de imposto”, afirmou.
(*) a repórter viajou a convite do Instituto Aço Brasil