Moradores de área contaminada devem ser removidos no RJ

Heloisa Aruth Sturm
09/05/2013 às 20:18.
Atualizado em 21/11/2021 às 03:33

Moradores de uma área conhecida como Cidade dos Meninos, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, deverão ser removidos da região em até 60 dias porque o terreno, onde durante a década de 1950 funcionou uma fábrica de pesticidas, está contaminado. O solo da área de cerca de 1,9 mil hectares (12 vezes o tamanho do Parque Ibirapuera) pertence à União e registra altas concentrações de hexaclorociclohexano (HCH), composto conhecido como pó de broca. O material é feito a partir do benzeno, uma substância cancerígena.

As primeiras a serem removidas serão as cerca de 150 famílias que iniciaram a construção de um loteamento irregular no local há cerca de 8 meses. Eles cavaram um poço artesiano e utilizam a água inclusive para consumo próprio. Na manhã desta quinta-feira, 9, funcionários da prefeitura estiveram no local acompanhados da Polícia Federal para iniciar o processo de demolição das casas que ainda não foram concluídas. Houve protesto de moradores. "A gente só quer uma casinha, um sossego pra gente lutar, trabalhar e vencer", disse Maria Joaquina, de 24 anos, que mora no local com o filho de 3 anos e o marido desempregado.

O prefeito de Duque de Caxias, Alexandre Cardoso (PSB), esteve no local e disse que os moradores serão removidos para um conjunto habitacional do programa Minha Casa, Minha Vida até o fim de junho. Alguns moradores, no entanto, desconfiam da promessa feita pelo prefeito. "Faz quatro anos que me inscrevi no Minha Casa, Minha Vida, e nunca consegui nada. A gente dormia no sereno, então nós resolvemos ficar aqui e agora fazem uma maldade dessa", disse a aposentada Denise Rodrigues.

Segundo a prefeitura, as ocupações no local já ocorrem há décadas. O terreno contaminado possui mais de 750 propriedades irregulares, que vão desde habitações humildes até haras com cavalos de raça e sítios com criação de gado. O prefeito afirmou que cerca de 450 famílias devem ingressar no programa habitacional. As demais deverão ser objeto de processos de reintegração de posse. Apesar do elevado risco, os moradores insistem em permanecer no local. "Eu tenho câncer de mama e na garganta, mas não é por causa do lugar. Isso é genético, da minha família", disse a aposentada Maria da Penha Cavalcante, que mora na região desde os 15 anos.
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