Moradores e comerciantes de BH improvisam espaços para lucrar no Carnaval

Tatiana Moraes
01/03/2019 às 22:07.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:47

(Lucas Prates)

Com o crescimento do Carnaval de Belo Horizonte, ranqueado como a segunda maior festa de rua do país, quem mora e tem comércio na capital pode aproveitar os consumidores em potencial para melhorar a renda. E nessa onda vale de tudo: desde usar o passeio de casa para expor adereços feitos com muito capricho, até transformar o salão de beleza em uma máquina de vender cervejas. Como reflexo, tem gente que, em apenas um fim de semana, pretende faturar pelo menos três vezes mais do que em iguais períodos normais.

É o caso do proprietário da loja de roupas With Class, localizada no Buritis, na região Oeste da Capital, Rodrigo Hipólito. Recentemente, ele comprou um bar que fica ao lado da loja e que será inaugurado em 7 de março, depois do Carnaval, com o nome de Calçadão Buritis. 

Até lá, o empresário vai unir a loja ao bar e fazer, no passeio, uma espécie de área VIP. Nesse espaço, os clientes poderão acompanhar a festa de Momo. 
No bairro, vários blocos desfilarão todos os dias de Carnaval, atraindo milhares de foliões.A ideia de Hipólito é oferecer conforto para quem não quer ficar no meio da multidão. 
Toda essa exclusividade tem custo. Mesas com quatro lugares custam R$ 160, e convite individual sai por R$ 50. “Vamos fechar o espaço com um cercadinho e, provavelmente, não vamos vender cerveja para quem não está no espaço. Esperamos triplicar o faturamento de uma fim de semana normal. Teremos garçons, banheiros limpos, estrutura completa. Na região, são esperadas pelo menos 50 mil pessoas”, afirma o empresário. 

Mesmo sem estrutura de bar, a proprietária do Studio Amorim, Eva Amorim, vai usar o salão de beleza no Buritis, região Oeste da capital, para vender bebidas. A cerveja é o carro-chefe. Ela está otimista. “No ano passado, um vizinho vendeu 500 cervejas”, diz. 

Além de comercializar a loira gelada, a empresária vai permitir que as pessoas utilizem o banheiro, desde que paguem uma pequena quantia para isso. “A rua tem banheiros químicos, mas nunca são suficientes. Esse serviço eu vou oferecer, principalmente para as minhas clientes”, afirma. 

No Sion, região Centro-Sul de Belo Horizonte, o proprietário do Restaurante do Senhor, Antônio Eustáquio Resende, vai apostar na alimentação dos foliões. “Nós somos um restaurante de comida a quilo, mas, no Carnaval, vamos vender marmitex”, explica. O restaurante tem capacidade para 42 pessoas sentadas e vende cerca de 200 refeições por dia. A expectativa é de multiplicar, e muito, esse número.

“Vou manter uma equipe de oito pessoas trabalhando no Carnaval. Vamos restringir a entrada no restaurante, mas vamos manter a cozinha funcionando a todo o vapor, repondo os pratos. A ideia é vender tropeiro e espaguete”, diz. A cerveja também não pode faltar. Para acompanhar os pratos, ele comprou 50 fardos do popular latão, o equivalente a 600 unidades. 

 Especialista alerta para erros simples que causam prejuízos

Uma lata de cerveja de 473 ml custa, em média, R$ 3. No Carnaval, ela é vendida a R$ 5, diferença de R$ 2. Se uma pessoa vender 500 unidades, ela terá, teoricamente, R$ 1.000 de lucro. Certo? Errado. Conforme explica o analista do Sebrae Minas Victor Mota, a precificação do produto é extremamente importante para que o empresário saiba realmente quanto faturou.

“Todos os custos devem ser colocados na ponta do lápis, sem exceção. Esse processo de elaboração do preço deve ser bem feito para que o comerciante não tenha surpresas”, diz. Como exemplo, no caso da cerveja, ele cita o gelo, o transporte, a luz do estabelecimento e até os custos necessários para comprar a bebida. “Até a gasolina usada no veículo para comprar o produto deve ser levada em consideração”, afirma. 

Ele explica que é comum a pessoa ter prejuízo ou não lucrar tanto quanto imaginava pelo fato de mensurar mal o preço do produto. [/TEXTO]“Se a pessoa vender a cerveja por apenas R$ 1 a mais do que o valor pago no supermercado, ela terá problemas, porque os custos não aparentes são muitos”, comenta. Outra dica do especialista é estimar corretamente o estoque. 

O assistente jurídico e motorista de aplicativo Stanley Souza fez um pré-carnaval na rua onde mora, em Santa Teresa, na região Leste. Ele aproveitou o público para comercializar cerveja, água, refrigerante e espetinhos na porta de casa. “O público não foi o esperado e sobrou muita bebida. Vou terminar de vendê-las no Carnaval”, afirma.

Proprietária de uma banca de revistas no centro da capital, em frente ao Edifício Maletta, Maura Maria Lana aproveitou o ponto excepcional para vender artigos de Carnaval. Pelo ritmo de vendas, ela acredita que o estoque foi certo e que não vai sobrar nenhum apetrecho. “Já vendi mais do que o dobro do faturado em dias normais”
Na banca, ela vende artigos como máscaras, gliter, cornetas, colares e até as saias de tule, que são a febre deste Carnaval. “A pessoa consegue chegar aqui sem nada que remeta a Carnaval e sair totalmente fantasiada. E se precisar de um chiclete ou um chocolate para repor as energias, eu vendo também”, comenta. 

 

  

  

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