Mostra reúne obras do artista italiano Bruno Munari

Agencia Estado
06/11/2012 às 11:57.
Atualizado em 21/11/2021 às 17:55

Designer, artista, escritor, ilustrador, educador, o italiano Bruno Munari (1907-1998) criou uma obra de várias vertentes, entretanto, pouco conhecida no Brasil. "Seu trabalho tem uma pluralidade e uma inquietação a ponto de ele ser um resumo de tudo o que temos na 30.ª Bienal de São Paulo", diz André Severo, curador associado da edição do evento, em cartaz até 9 de dezembro. Desde o início da concepção do projeto curatorial da mostra, com curadoria geral do venezuelano Luis Pérez-Oramas, Munari esteve incluído entre os participantes. Com o intuito de realizar uma exposição mais abrangente do italiano no País, a exibição de suas obras, mais de 80 peças, vai ser apresentada fora do Pavilhão da Bienal, tendo o Instituto Tomie Ohtake como morada.

Não se trata da uma retrospectiva, mas a mostra "Bruno Munari. Arte, Desenho, Design", que será inaugurada na quarta-feira para convidados e na quinta-feira para o público no Instituto Tomie Ohtake, ocupa quatro salas da instituição apresentando peças, objetos, livros, mobiliário e jogos educativos criados pelo multidisciplinar italiano desde os anos 1930. "A 30.ª Bienal aposta na busca de uma linguagem e Munari passou por tudo com um interesse genuíno no processo criativo, acreditando no poder transformador da arte", diz Severo.

No catálogo da Bienal, está descrito que Bruno Munari foi "celebrado" pelo crítico e historiador Giulio Carlo Argan como "um dos maiores expoentes da cultura artística italiana". A primeira aproximação que a mostra faz do artista com o Brasil acontece já na abertura da mostra, quando se apresenta na sala inicial "Côncavo Convexo" (1947-48), obra destaque da trajetória do italiano, colocada em diálogo com a escultura "Unidade Tripartida" (1948-49), de Max Bill, pertencente ao acervo do MAC-USP, e um dos trabalhos da série "Trepantes", de Lygia Clark. Faz-se uma relação formal entre as peças - a de Munari, pendurada no teto, faz girar duas formas leves e quase redondas; a de Max Bill, premiada na 1.ª Bienal de São Paulo, em 1951, foi uma referência para o movimento concreto brasileiro; e a de Lygia Clark já é o movimento de uma forma espiralada de metal escorregando para o chão. "Esta sala é a assinatura do Luis (Pérez-Oramas), que tem toda uma fantasia sobre a relação dos três artistas", diz Severo - vale dizer que o curador-geral da 30.ª Bienal está preparando a retrospectiva de Lygia Clark que será exibida no MoMA de Nova York em 2014.

A partir dessas "boas-vindas", a obra de Bruno Munari é exibida em toda a sua pluralidade - e até certo humor -, obedecendo, de certa maneira, a um percurso cronológico para que se entenda a passagem do artista de uma pesquisa a outra. Quando tinha 19 anos, Munari integrou o movimento futurista italiano, tanto que em 1930 descreveu essa sua fase como intrínseca às "máquinas inúteis", que inclusive lhe despertaram o interesse pela infância. Em 1945, Munari já iniciou a criação de "livros ilegíveis" para crianças - com os quais ganhou, em 1947, o Prêmio Hans Christian Andersen - e adiante concebeu de uma forma intensa desenhos, fotomontagens, móbiles, obras gráficas, pinturas - principalmente, as da série "Negativo-Positivo" (dos anos 1950) -, luminárias e outras objetos e até o "Habitáculo" para os quartos infantis. "Existe uma utopia de transformação em sua obra com a crença de que a arte possa ser incorporada ao mundo", diz Severo.

Segundo o curador, não foi fácil realizar a produção da mostra, que reúne peças de diversos acervos particulares e estava prevista, inicialmente, para ser aberta no dia 2 de outubro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

BRUNO MUNARI
Instituto Tomie Ohtake (Av. Faria Lima, 201). Tel. (011) 2245-1900. 3ª a dom., 11 h/ 20 h. Grátis. Até 18/2. Abertura quarta, 20 h, para
convidados.
http://www.estadao.com.br

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