Valéria Esteves


Repórter


valeria@onorte.net

Diminuir os gastos dentro da fazenda tem sido a busca constante dos produtores. Para isso alguns deles têm tratado de buscar ajuda de profissionais que prestam consultoria no ramo quando não pedem auxílio ao Sebrae.

Vários são os casos mostrados pelo Sebrae em Minas Gerais e até mesmo em outros estados que constatam a eficiência em tornar tudo o que está dentro da propriedade aproveitável. Um caso apontado pela assessoria do Sebrae foi de um produtor que cria porcos na divisa com o Sul de Minas, especificamente em Caconde. Lá os suínos são criados e abatidos; mas o mais interessante do caso é que os dejetos dos animais são utilizados para a feitura de biofertilizante para lavoura de café, além de biogás, que supre 50% da energia da fazenda.

Diminuir gastos para fazer render


os lucros da fazenda com criação de porcos

A informação é que até mesmo a banha não é usada para fazer o famoso torresmo aproveitado em feijoadas e outros pratos tipicamente mineiros. Ela vira combustível para tratores e veículos, sendo que a glicerina, subproduto desse óleo animal pode ser usado na produção de biodiesel, além de ser aproveitado para fazer sabão, prática, bem utilizada pelas lavadeiras das cidades ribeirinhas do Norte de Minas.

Mas quanto a esse feito, o responsável é João Paulo Muniz, que largou o curso de Direito para se dedicar à vida no campo. O detalhe é que a propriedade é de agricultores familiares. Seu propósito é fazer com que a fazenda se torne sustentável do ponto de vista econômico e, quem sabe, ambiental.

João Paulo apresentou a experiência da Pork Terra durante o seminário - Agroenergia e Pequenos Negócios, promovido pela Unidade de Agronegócios e Territórios Específicos do Sebrae Nacional, nos últimos dias 16 e 17 de outubro, em Brasília. Com um investimento que girou em torno de R$ 100 mil, ele passou a aproveitar os dejetos dos suínos - antes descartados numa nascente dentro da fazenda - para fazer biofertilizante e biogás.

- Não compro mais gás liquefeito de petróleo, o GLP - diz o empresário.

EM MONTES CLAROS

Já em Montes Claros, um grupo de produtores, não necessariamente familiares, decidiu que os pastos precisavam ser melhorados e não conseguiam essa façanha com os métodos aplicados normalmente.

O produtor Marcos Mendes disse que hoje sua propriedade é outra depois que contratou os serviços de consultores da Consupec que realizam visitas periódicas às fazendas da região norte-mineira. Os pastos hoje ganharam nova vida e os animais têm alimentação balanceada, sem contar nas dicas sobre cotação de mercado e utilização da alimentação nos cochos.

Ao todo são 12 sócios que viabilizaram a vinda da Consupec para o Norte de Minas que registrou que o problema da região é o manejo. Zootecnistas e agrônomos apontam que boa parte dos produtores não sabe como lidar com sua propriedade como deveria.

No Norte de Minas os 12 proprietários têm 48 mil hectares de terra e cerca de 27 mil cabeças de gado, todos acompanhados pelo zootecnista Gustavo Carneiro do Amaral.

Durante sua explanação no Prosa e Lucro, evento outrora organizado por uma empresa de tratores e insumos agrícolas de Montes Claros, Gustavo mostrou que a região tem clima e solos favoráveis ao plantio de capim, bastando para isso feitura de análise de solo a fim de levantar o potencial de cada área para saber com precisão o adubo a aplicar naquele terreno.

No caso das fazendas do grupo, os produtores recebem uma visita bimestral dos especialistas, mas até chegar a esse ponto é feita a análise do quadro anterior para que se apresentem no projeto as modificações necessárias na propriedade.

No projeto é calculado o tamanho total da área, se há áreas degradas, quantas cabeças de gado e, principalmente, se os cálculos com os gastos com a propriedade estão condizendo com o que está sendo ganho por mês ou ano.

Especialistas dizem que o negócio é saber administrar.

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