Nárcio Rodrigues, braço direito de tucanos, é preso por desvio de dinheiro

Tatiana Lagôa e Filipe Motta
tlagoa@hojeemdia.com.br e fmotta@hojeemdia.com.br
30/05/2016 às 20:35.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:40
 (UARLEN VALÉRIO/O TEMPO/ESTADÃO CONTEÚDO)

(UARLEN VALÉRIO/O TEMPO/ESTADÃO CONTEÚDO)

O ex-deputado federal e ex-secretário de Estado Nárcio Rodrigues (PSDB) foi preso ontem sob suspeita de desvio de R$ 14 milhões de recursos públicos em obras da Fundação HidroEx, dedicada à pesquisa sobre recursos hídricos e sediada em Frutal, reduto eleitoral do político.

 Durante o governo de Antonio Anastasia, ele foi secretário de Ciência e Tecnologia (2011-2014), pasta à qual o HidroEx estava vinculado. 

 A prisão se deu na Operação Aequalis, realizada pelo Ministério Público de Minas Gerais, com o suporte da Polícia Militar. A operação apura o envolvimento de agentes públicos, além de empresários brasileiros e portugueses, no desvio de recursos públicos.

 Ao todo, foram cumpridos 27 mandados de busca e apreensão em Belo Horizonte, Frutal, Uberaba, Conselheiro Lafaiete, São João Del Rey e São Paulo. Além de Nárcio, houve a prisão de Neis Chala (ex-servidor da Secretaria de Ciência e Tecnologia), Alexandre Pereira Horta (engenheiro do Departamento de Obras Públicas de Minas), Luciano Lourenço dos Reis (funcionário da CWP Engenharia), Maurílio Reis Bretas (sócio da CWP Engenharia) e do português Hugo Alexandre Timóteo Murcho (Diretor no Brasil da empresaportuguesa Yser e da Biotev Biotecnologia Vegetal). A lista foi divulgada pelo MP. 

 Segundo a CGE, há três sindicâncias administrativas e três investigações preliminares sobre o HidroEx em andamento no governo.

 A Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia e Ensino Superior de MG informou que está à inteira disposição de todos os órgãos de fiscalização para eventuais esclarecimentos que sejam de sua competência legal.

 CPI na Assembleia

Assembleia Legislativa de Minas Gerais  poderá abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar os possíveis desvios de recursos na Fundação HidroEx e a participação do ex-secretário estadual de Ciência e Tecnologia, Nárcio Rodrigues. O pedido será feito pela bancada do PT.


“Nárcio foi presidente do PSDB durante as campanhas eleitorais de Aécio e Anastasia. Temos que saber se o recurso desviado foi utilizado em campanha”, afirma o deputado estadual Rogério Correia (PT). “Nós vamos ajudar nas investigações, mas o resultado disso é algo para se pensar depois. Os dois podem se tornar inelegíveis”, afirma.

 Em nota, a assessoria de imprensa do senador Anastasia informou que o senador não tem conhecimento dos fatos que levaram à operação do Ministério Público. “Ele defende que quaisquer denúncias devam ser apuradas pelos órgãos competentes e julgadas na forma da lei”, diz a nota. A assessoria do senador Aécio Neves afirmou que o caso seria comentado pelo PSDB de Minas.

 Em nota, o partido informou que “ não conhece detalhes sobre a operação Aequalis deflagrada pelo Ministério Público. Ainda de acordo com a nota, “o partido defende que, havendo indícios de irregularidades, elas sejam investigadas pelos órgãos competentes e, em havendo comprovação de crime, eles sejam punidos”.


Homenagem 
O deputado federal Caio Nárcio (PSDB), filho de Nárcio Rodrigues, acompanhou o pai durante o dia, mas preferiu não se manifestar sobre o assunto. Na votação pelo impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff na Câmara, Caio votou a favor do afastamento. Em sua fala fez o seguinte discurso: “Por um Brasil onde meu pai e meu avô diziam que decência e honestidade não eram possibilidade. Eram obrigação. Por um Brasil onde os brasileiros tenham decência e honestidade”. Em seguida, beijou a bandeira nacional. 

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