Neymar é personagem da final olímpica entre Brasil e Alemanha

Henrique André
Enviado Especial
Publicado em 19/08/2016 às 22:53.Atualizado em 15/11/2021 às 20:28.
 (Lucas Figueiredo/Mowa Press)
(Lucas Figueiredo/Mowa Press)

RIO DE JANEIRO – A tradicional camisa amarela da Seleção Brasileira, com o número 10 nas costas, vestida por um garoto que riscou o nome de Neymar e escreveu o de Marta, foi uma imagem impactante no último dia 8, quando o time masculino sofria e o feminino dava show na Olimpíada.

Na sexta-feira (19), Marta perdeu a disputa da medalha de bronze com a derrota de 2 a 1 para o Canadá, no Itaquerão, em São Paulo, e encerrou sua participação nos Jogos do Rio sem subir ao pódio, o que já tinha acontecido há quatro anos, em Londres. Neste sábado (20), às 17h30, diante da Alemanha, no Maracanã, Neymar tem a chance de escrever na história do futebol brasileiro o nome que foi apagado pelo garoto no início da Rio-2016.

Ele pode ser o camisa 10 e capitão da primeira Seleção a conquistar a medalha de ouro, único entre todos os grandes títulos que não está na galeria da CBF e que escapou dele em 2012, quando foi prata.

As realidades distintas tornam absurda a comparação entre Marta e Neymar, seja no início do torneio olímpico ou no último dia de disputa.

Absurda também é tratar como vingança dos 7 a 1 uma vitória da Seleção sobre a Alemanha, dois anos após o maior vexame do futebol brasileiro, vivido na semifinal da Copa de 2014.

Mas não é absurdo exaltar a façanha que podem alcançar Neymar e companhia.

APOSTA

Com a criação da Copa do Mundo, em 1930, os torneios olímpicos de futebol, disputados desde a segunda edição dos Jogos da Era Moderna, em 1900, em Paris, perderam em importância e viveram tempos de ostracismo nas décadas de 60, 70 e 80.

Para o Brasil, com a conquista do tetra, em 1994, nos Estados Unidos, após 24 anos de jejum, a medalha de ouro virou um objeto do desejo. Ricardo Teixeira, então presidente da CBF, queria marcar sua gestão como a “campeã de tudo” e a Seleção olímpica ganhou outro patamar.

A partir ee Atlanta-1996, o time olímpico sempre foi comandado pelo treinador da Seleção principal.

Assim, Zagallo (1996), Vanderlei Luxemburgo (2000), Dunga (2008) e Mano Menezes (2012) fracassaram na busca pelo ouro, que pode sair hoje com Rogério Micale, que só assumiu o time olímpico porque Dunga foi demitido em julho, após o fracasso da Seleção na Copa América.

FAÇANHA

Especificamente para Neymar, o ouro olímpico pode significar um renascimento, num momento em que ele é criticado pelo baixo desempenho na Seleção Principal, fruto de atitudes não compatíveis com a condição de capitão e por um individualismo exagerado.

Na Olimpíada 2016, o que se vê é um jogador diferente. Se o temperamento ainda precisa ser controlado, o jogo coletivo já é uma realidade. E ele tem dividido o protagonismo com os garotos Gabriel Jesus, Luan e Gabriel, parceiros de ataque.

O ouro teria ainda para Neymar outro significado. Dos cinco jogadores brasileiros que já foram eleitos o melhor do mundo pela Fifa, título individual que ele busca, quatro disputaram Olimpíadas e fracassaram na busca pelo ouro.

Foi assim com Romário, prata em Seul (1988), Ronaldo e Rivaldo, bronze em Atlanta (1996), e Ronaldinho Gaúcho,bronze em Pequim (2008). Só Kaká nunca disputou os Jogos.
A decisão está longe de ser um Neymar x Alemanha. Mas a final pode significar um marco na sua história. E o capítulo de hoje tem duas possibilidades. O alto do pódio, com o ouro no pescoço, ou o nome riscado na camisa 10 da Seleção.

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