(Juan Barreto)
CARACAS - O presidente Nicolás Maduro propôs nesta quarta-feira (8) um plano contra a criminalidade e de pacificação da Venezuela, ao criar uma comissão integrada por governadores e prefeitos das regiões mais violentas do país. "Deixo instalada oficialmente esta equipe de trabalho que começa no dia de hoje e que se estenderá durante um mês, e aspiro que em um mês tenhamos um plano conjunto e uma lei de pacificação nacional", declarou Maduro no Palácio de Miraflores, onde se reuniu com vários dirigentes da oposição, incluindo o líder Henrique Capriles, governador do estado de Miranda. Maduro chamou os prefeitos dos 79 municípios mais violentos do país - que concentram 80% dos crimes - dois dias após o assassinato da ex-miss Mónica Spear e de seu marido em um assalto. "Ninguém pode cruzar os braços diante do assassinato, da violência, do massacre contra esta jovem venezuelana e seu esposo. Isto é uma bofetada para todos, todos têm que assumir a responsabilidade, e eu assumo a minha", declarou Maduro, que convocou a oposição a superar as divergências políticas para atuar com o governo contra a violência. Maduro, que liberou 10 bilhões de bolívares (1,7 bilhão de dólares no câmbio oficial) para estados e municípios visando reforçar a polícia, pediu que a comissão criada nesta quarta apresente "resultados concretos" em um mês visando construir "um país de paz". Entre outras coisas, Maduro defendeu a aplicação de um plano de desarmamento, a melhoria das forças de segurança, a reforma das prisões e o atendimento às vítimas da violência. "Devemos caminhar para a coordenação, homologação e centralização das polícias nacional, regionais e municipais". Maduro também pediu aos meios de comunicação "da direita" que não manipulem a informação sobre a violência no país. Morte de miss Finalista do Miss Universo em 2005 e atriz da rede americana Telemundo, Mónica Spear e seu marido, Thomas Henry Berry, de 39 anos, foram mortos a tiros dentro do carro no acostamento, depois de bater o veículo em um objeto colocado propositalmente em uma estrada entre Puerto Cabello e Valencia, a terceira maior cidade do país. Maya, filha de cinco anos da ex-miss, ficou ferida. Seu quadro é estável até o momento. Segundo a reconstituição do crime, o automóvel da atriz caiu em uma emboscada. Quando os criminosos se aproximaram, Mónica e o marido tentaram se trancar no veículo e foram mortos a tiros. De acordo com a imprensa, o governo, ou ONGs locais, os assassinatos na Venezuela oscilam entre 39 a 79 casos por ano para cada 100 mil habitantes. A marca de 79 assassinatos seria a segunda mais alta do mundo. A reunião desta quarta-feira foi marcada pelo aperto de mão entre Maduro e Henrique Capriles, algo que não acontecia desde as eleições presidenciais de 2013. Capriles não reconhece a legitimidade das eleições que levaram Maduro à presidência e o chefe de Estado acusa o líder da oposição de "golpismo". Após o aperto de mão, Maduro abriu a reunião agradecendo "a presença de todos os governadores e governadoras" no Palácio Miraflores, sede do governo. "Nicolás, lhe proponho deixar de lado nossas profundas divergências e nos unirmos contra a insegurança, em um só bloco", escreveu Capriles na terça-feira no Twitter. Maduro e Capriles fizeram uma campanha agressiva para as eleições de 14 de abril de 2013, realizadas após a morte do presidente Hugo Chávez. O candidato "chavista" venceu por apenas 1,5 ponto ou cerca de 200 mil votos, e o resultado foi questionado pela oposição, que apontou uma série de irregularidades e entrou com ações no Supremo Tribunal de Justiça e na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).