Nomes esquecidos do Estádio do Independência

Do Hoje em Dia
19/01/2013 às 07:29.
Atualizado em 21/11/2021 às 20:47

À medida que se desenvolviam as obras no Horto, perguntava-me por que não se falava no nome de Raimundo Sampaio. Ele foi presidente por muitos anos do Sete de Setembro, que disputava o campeonato mineiro de futebol profissional, mas bem distante do clube dos “grandes”: Atlético, Cruzeiro e América. Por injunções diversas, os três ganharam seu estádio: o Cruzeiro, no Barro Preto, o Atlético, em Lourdes, e o América, na alameda que recebeu o nome de Álvaro Celso da Trindade, alviverde de primeira hora, jornalista e radialista, peso pesado de corpo. Em Santa Efigênia, construiu-se o estádio Otacílio Negrão de Lima.

O Sete enfrentava suas dificuldades lá de longe, mas Raimundo Sampaio não desanimava. Fazia das tripas coração para levar o clube à frente. Humilde, mas decidido. Levantou estádio do Horto com muito sacrifício, procurando autoridades em todos os níveis em busca de recursos. Nem que fosse para conseguir gambiarras para festas juninas e amealhar algum dinheirinho – para o seu grêmio, evidentemente.

Vagarosamente, conseguiu instalar o Estádio do Horto, do Sete ou do Independência mais recentemente, agora um orgulho para o futebol montanhês. Quando se aproximava a inauguração da praça esportiva, indagava-me: “E Raimundo Sampaio – como fica nisso, mesmo depois de morto?”.

Finalmente, tomei conhecimento que o Gigante do Horto recebeu seu nome, enquanto nem todos sabiam mais quem foi Raimundo Sampaio. Fez-se justiça. Acontece que já se estava em perspectiva para a Copa do Mundo e o Brasil, fiscalizado de perto pela Fifa, precisava de um estádio para grandes espetáculos! Exigiram-se transformações do Magalhães Pinto.

Quando, finalmente, a presidenta veio a Belo Horizonte para inaugurar a nova casa, a imprensa se obrigou a dar páginas e páginas dos jornais, espaços enormes na programação das televisões e das rádios.

Li e reli nomes e mais nomes daqueles que efetivamente contribuíram para o arrojado empreendimento inicial. Falou-se em Jorge Carone Filho, em Bias Fortes, em Magalhães. Mas achei estranho não encontrar, sequer uma vez, referência a um incansável batalhador da obra, que vivia as 24 horas do dia para o primeiro Mineirão: Gil César Moreira de Abreu. Lembrei o ditado árabe: “Depois de comer, cuspir no prato”.

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