O Brasil vive um momento de grande confusão. O que estamos assistindo com a operação Lava Jato é um teste enorme para nossas instituições. Elas terão agora que mostrar sua força. Veremos nos próximos meses a robustez de nossa democracia. E espero que, a partir desse processo, nasça um país melhor e mais amadurecido. Para isso, tenho dito com frequência, é preciso serenidade, parcimônia, discernimento.
Por vezes, vemos certos agentes tentarem confundir a população, seja com frases e palavras de efeitos, seja com a ameaça de violência. Isso não colabora. Mostra o desespero de alguns nesse momento em que as águas se dividem.
Agora e futuramente, acredito, muitos aprendizados poderemos tirar de tudo isso. O mais importante deles, talvez, seja que a necessária e fundamental participação cidadã na política, para além das eleições. O entendimento de que seremos fortes enquanto Nação, quando, educadas e mobilizadas, as pessoas se sentirem participantes do processo político e não somente receptores da ação do Estado.
É certo que quanto mais vemos o noticiário, com uma novidade ruim a cada hora, com listas das mais diversas, mais desanimados ficamos. Muitos chegam a pensar que não há solução.
Meu pensamento é o contrário. Quanto mais transparente e mais claro ficar todo o processo, mais perto estaremos da solução. E a solução não está apenas na revelação de tudo e na realização da Justiça que virá. Mas, reitero, está no engajamento social no processo político.
É por isso que não devemos depositar nossa esperança em um policial, em um político ou em um juiz. A esperança do Brasil deve estar no seu povo e nas suas instituições.
As pessoas passarão, as instituições vão permanecer. O papel de cada um nesse momento é trabalhar para o fortalecimento dessas instituições e da sociedade civil para que, assim, vindo à tona a verdade, as coisas corretas sejam realizadas.
É dessa forma que, acredito com firmeza, construiremos um futuro melhor. Insisto, ele não virá sozinho. É preciso trabalho, atenção e mobilização da nossa sociedade que nem sempre esteve disposta a construí-lo até aqui. Chegou, no entanto, a hora da decisão. E cada um deve assumir seu grau de responsabilidade nesse contexto.
EUA – Cuba
Deixo um registro, ainda que muito aquém do merecido, do histórico encontro, nessa última semana, em Havana, entre os presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e de Cuba, Raul Castro. Houve avanços importantes nessa reunião, tanto em relação ao anúncio do fim do embargo (que acontecerá, segundo o presidente norte-americano, mais cedo ou mais tarde), quanto na questão relacionada aos direitos humanos e às garantias fundamentais no mundo.
Há ainda grandes diferenças e problemas a serem superados, mas a disposição de ambos em conversar já é um passo fundamental. Com diálogo pode-se abrir muito mais portas. É um debate que todos devemos acompanhar com atenção no Brasil, tanto do ponto de vista diplomático quanto estratégico.