Nova explosão é ouvida em shopping no Quênia

Agências AE-AP e AFP
22/09/2013 às 16:30.
Atualizado em 20/11/2021 às 12:39

NAIRÓBI (Quênia) - O novo balanço do ataque a um shopping center de Nairóbi pelas mãos de um grupo de milicianos islamitas é de 68 mortose pelo menos 175 feridos, anunciou este domingo a Cruz Vermelha queniana. Outros "nove corpos" foram encontrados durante a invasão ao centro comercial realizada à tarde pelas forças quenianas. A cifra anterior era de 59 mortos.

Estima-se que entre 10 a 15 militantes islâmicos estejam no shopping, segundo o ministro do Interior queniano, Joseph Lenku. Segundo ele, as forças de segurança já resgataram aproximadamente mil pessoas. Lenku explicou que os policiais estão controlando seus movimentos através das câmeras de segurança do centro comercial, que é muito frequentado por estrangeiros e quenianos de alto poder aquisitivo.

Pela manhã, helicópteros militares também sobrevoaram o local. "A prioridade é salvar o máximo de vidas possível", afirmou o ministro do Interior numa tentativa de tranquilizar as famílias. Em comunicado, a Cruz Vermelha do Quênia disse que 49 pessoas foram dadas como desaparecidas.

O exército queniano entrou no shopping de quatro andares e desde então têm havido esporádicas trocas de tiros. Forças quenianas apoiadas por forças especiais israelenses travavam neste domingo intensos combates para liberar o centro comercial de Nairóbi atacado no sábado pelo grupo islamita, que segue entrincheirado no local com um número desconhecido de reféns. Os criminosos - um comando do grupo somali "shebab", vinculado à Al-Qaeda - continuam entrincheirados no luxuoso shopping de Westgate e têm em seu poder um número indeterminado de pessoas.

O Centro de Operações para Desastres Nacionais do Quênia informou em uma mensagem no Twitter que há "intensos combates em curso" e desejou "boa sorte aos nossos homens que estão no edifício Westgate".

Na tarde deste domingo eram ouvidos tiros esporádicos, 30 horas depois do início do ataque ao centro comercial pelas mãos de um grupo de 10 homens encapuzados, que entraram disparando com armas automáticas e lançando granadas contra clientes e  funcionários.

O presidente do Quênia, Uhuru Kenyatta, declarou neste domingo que seu sobrinho e a noiva dele estavam entre as vítimas fatais do ataque. "Não poderão escapar das consequências de seus atos desprezíveis e brutais", disse Kenyata em um emotivo discurso à nação. "Castigaremos os autores intelectuais" deste ataque", garantiu.

O médico peruano Juan Jesús Ortiz, ex-vice-diretor do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Quênia, figura entre os falecidos, informou neste domingo a chancelaria peruana. Ortiz, de 63 anos, estava no shopping com a filha, que ficou ferida e recebeu atendimento médico, disse a fonte. Ortiz trabalhava como consultor internacional da Unicef e do Banco Mundial em saúde pública em Nairóbi, onde vivia há anos.

 

Clientes tentam se proteger do tiroteio do grupo terrorista dentro de um shopping em Nainóbi

 

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, afirmou que o ataque foi um ato completamente reprovável. "Este ato premeditado, que ataca civis indefesos, é totalmente reprovável. Os autores devem ser conduzidos à justiça o quanto antes", lamentou.

Fontes policiais declararam temer que o número de mortos neste ataque seja muito maior. "Tememos que o número de mortos seja muito maior que o que temos, a julgar pelos corpos que vimos dentro" do centro comercial, disse uma autoridade policial. "Há mais mortos no interior e alguns criminosos seguem armados, lançam granadas e disparam contra a polícia", disse esta fonte policial. "O balanço pode ser muito, muito maior", ressaltou.

Duas francesas, três britânicos, uma holandesa, um sul-africano, uma sul-coreana e dois indianos, além do famoso poeta ganês Kofi Awoonor, estão entre os mortos. As duas francesas - mãe e filha - mortas no ataque terrorista foram "executadas no estacionamento" do centro comercial. Executaram todos que estavam em seu caminho. Entraram no shopping para matar, para provocar o maior número de vítimas", afirmou, informou a ministra francesa Hélène Conway-Mouret.

Muitos soldados com capacetes e coletes à prova de balas, alguns com lança-granadas, estão mobilizados nos arredores do centro comercial. Clientes e funcionários do shopping, traumatizados e presos por longas horas no estabelecimento, seguiram saindo na noite de sábado em pequenos grupos à medida que avançava a lenta e prudente operação das forças de segurança. Os feridos e os corpos das vítimas já recolhidos foram transferidos pelos serviços de emergência.

Este centro comercial, aberto em 2007 e com uma participação de capital israelense, tem restaurantes, cafés, bancos, várias salas de cinema e um grande supermercado, onde no sábado muitas famílias faziam compras. As empresas de segurança mencionavam regularmente o Westgate Mall, que atrai milhares de pessoas, como possível alvo de grupos relacionados à Al-Qaeda.
        
Ataque foi represália
    
Na noite de sábado, o grupo somali shebab, vinculado à Al-Qaeda, reivindicou por meio do Twitter a autoria do massacre e afirmou que a operação é uma represália contra a intervenção das tropas quenianas na Somália, ressaltando que já "preveniram o Quênia em diversas ocasiões". "A mensagem que enviamos ao governo e à população quenianos é e será sempre a mesma: retirem todas as suas forças de nosso país", acrescentou a mensagem dos islamitas somalis.

As Forças Armadas quenianas penetraram na Somália em 2011 e desde então mantêm sua presença no sul do país no âmbito de uma força africana multinacional que apoia o governo somali em sua luta contra os shebab.

Veja a galeria de fotos do atentado

 

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