Desde ontem (3) vigora a Resolução 807/2020 da Agência Nacional do Petróleo (ANP) que determina nova formulação da gasolina produzida no Brasil. Em tese, o combustível tem maiores densidade e octanagem que o produzido até semana passada. Na prática, significa maior eficiência energética e valores mais salgados.
Mas o que é que muda com a nova gasolina? Bom, a nova regra estipula peso mínimo de 715 gramas por litro do combustível. Ou seja, ela passa a ser mais densa que a anterior. E isso significa que há mais partículas com o mesmo volume.
Na prática, significa que a cada ciclo de queima no motor, por ser mais denso, é injetada a mesma quantidade de sempre, mas com mais partículas. Essa densidade aumenta a energia produzida na detonação, que pode ser traduzida em eficiência. Segundo a Petrobras, a economia pode girar em torno de 3% a 6%.
Desnatado
Numa analogia bem rudimentar, é como se a antiga gasolina fosse um copo de leite com água e a nova com leito puro, que acabou de ser ordenhado, mais grosso. A cada gole o amigo ingere mais leite que no copo com o leite ralo.
Além disso, ela teve a octanagem elevada. O termo corresponde à resistência à queima. A gasolina de baixa octanagem tende a entrar em combustão antes que a vela emita a faísca, que detona a mistura ar-combustível e faz com que o motor funcione. Atualmente a gasolina comum tem cerca de 87 octanas e a as do tipo premium 93 octanas.
Com a nova fórmula, a mais simples subirá para 92 e a mais sofisticada chegará a 97. Lembrando que a partir de 2022, o octanagem mínima deverá ser de 93 pontos. Assim, a gasolina terá mais resistência à queima e só irá detonar no momento em que a vela emitir a centelha.
Para motores modernos, como as unidades três cilindros turbo, que equipam modelos como Polo, Onix, HB20, Virtus, Onix Plus, HB20S, Nivus, T-Cross e Tracker, assim como o futuro Firefly 1.0 e 1.3 turbo da Fiat, a maior octanagem garante melhor funcionamento, ainda mais quando se trata de motores equipados com sistema de injeção direta, que sofrem com gasolina de baixa qualidade.
Outra especificação do novo combustível é a temperatura mínima de destilação do combustível, fixada em 77 °C de 50% da gasolina. Segundo a ANP, significa volatilidade suficiente para ignição em partida a frio, sem queima excessiva de combustível. Ou seja, o motor dará a partida mais rápido.
Mas vale lembrar que a gasolina ainda manterá mistura de 27% de álcool anidro para a gasolina comum e 25% para a gasolina do tipo premium. Lembrando que a adição do etanol só é permitida nas distribuidoras, que convertem a gasolina pura (Tipo A) em gasolina Tipo C.
Seu bolso
Mas a nova gasolina, mais potente e ambientalmente correta, não sairá de graça. A própria Petrobrás avalia que haverá repasse para consumidor, pois ela se iguala aos combustíveis vendidos nos mercados mais exigentes.
Resta saber se o repasse será proporcional à economia prometida. No entanto, a petrolífera argumenta que o aumento da autonomia por litro irá compensar o acréscimo na bomba.