Nova legislação para o leite de cabra já estimula pequenos criadores a investir

Jornal O Norte
18/05/2010 às 10:21.
Atualizado em 15/11/2021 às 06:29

A portaria 1059, publicada no final do mês de abril pelo Ima - Instituto mineiro de agropecuária, apelidada de Leite Legal, deu uma injeção de ânimo no setor de caprinocultura de leite no estado e vem estimulando novos investimentos por parte dos criadores.

- Dos cerca de 2 mil caprinocultores cadastrados em Minas Gerais, apenas cerca de 120 estão em condições de comercializar leite de cabra, devido às limitações impostas pela legislação. Mas, agora, com essa conquista, esse quadro deve mudar - afirma a presidente da Accomig/Caprileite -Associação dos criadores de caprinos e ovinos de Minas Gerais, Aurora Gouveia.

A portaria regulamenta a utilização da pasteurização lenta no beneficiamento do leite de cabra para o consumo humano. Até então, somente era admitida a pasteurização rápida, o mesmo processo adotado para o leite de vaca, que exige alto investimento dos criadores.

Para Cinthya Leite Madureira, coordenadora de eecuária da Emater - MG-Empresa de assistência técnica e extensão rural do estado de Minas Gerais, a medida causará impacto positivo na oferta do produto para os consumidores, com a inserção de muitos caprinocultores até então excluídos do mercado formal. Ela estima em cerca de R$ 4 mil o custo de um equipamento de pasteurização lenta.

- Pequenos produtores poderão atuar em conjunto, para utilizar a capacidade máxima permitida, de 100 litros por dia - sugere.

Um dos criadores animados com a nova portaria é Onivaldo Ramos Leão, com um capril com 35 fêmeas em Itabirito, que já planeja adquirir outras 25 cabras este ano. Além de aumentar a oferta de leite e a renda dos produtores, ele prevê outra vantagem também para os consumidores.

- O preço do queijo também poderá ficar mais acessível – diz.

No varejo, o leite de cabra é encontrado congelado, em sacos plásticos, com preços de R$ 1,90 a R$ 2,50 por litro, enquanto o queijo do tipo frescal é vendido entre R$ 15,00 e R$ 20,00 o quilo.

Outra boa notícia esperada pelos produtores de caprinos e ovinos é a aprovação de uma lei que regula as condições higiênico-sanitárias da produção artesanal de leite de cabra e de ovelha e seus derivados. Projeto de lei sobre o assunto - 4004/2009 está em tramitação na assembleia legislativa de Minas Gerais. Atualmente, as normas vigentes são as mesmas utilizadas pela bovinocultura.

- Muitas vezes, os criadores de ovinos e caprinos não têm condições de entrar no mercado formal, pois a escala de produção é muito inferior, se comparada à criação de vacas. Isso inviabiliza os investimentos. Por isso, o setor precisa de uma legislação específica, adequada ao seu porte e às particularidades da atividade - explica a coordenadora de pecuária da Emater-MG.

Cinthya Leite Madureira afirma que a caprinocultura é uma atividade com bom potencial de crescimento na agricultura familiar, pois exige investimento relativamente baixo, com boa lucratividade.

- As cabras não precisam de tanto espaço quanto a criação de vacas. Além disso, os criadores têm menos gastos também com alimentação dos animais e o leite e derivados têm maior valor agregado que os de vaca - compara.

* Na pasteurização lenta, aprovada para volumes de até 100 litros de leite de cabra processados por dia, o produto, após ensacado, fica em banho maria com temperatura de 63°C a 65°C por 30 minutos, sob constante agitação. Em seguida, é resfriado rapidamente até atingir 4ºC ou menos, podendo inclusive ser congelado.

* Na pasteurização rápida, exigida para o leite de vaca, o líquido, em volumes de até 500 litros por hora, passa por placas, onde atinge rapidamente temperaturas entre 72°C e 75°C, durante 15 a 20 segundos, para então ser resfriado a 4°C. No leite de vaca, não pode haver congelamento.

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