(Kevin Yatarola/Divulgação)
Difícil prever como será o show que Hermeto Pascoal fará no domingo (29), no encerramento do décimo evento de rua realizado pelo Savassi Festival. Quando se trata do Bruxo dos Sons, tudo é possível.
"Deixo para resolver como será o show na hora de chegar no evento. A gente define conforme o clima. O que posso dizer é que vou usar instrumentos exóticos, que o pessoal daí gosta muito, e vou pedir para o público participar cantando", explica Hermeto Pascoal, de Curitiba, onde mora desde há nove anos.
Aos 76 anos, o músico acredita estar no auge de sua criatividade. Continua viajando muito e pensando em novas construções sonoras. Recentemente, lançou o DVD "Hermeto Brincando de Corpo e Alma", com 12 músicas feitas apenas com sons obtidos a partir do corpo. Batidas do coração, roncos noturnos, movimentação do intestino e assobios foram seus instrumentos musicais.
Médicos
Para conseguir gravar essas estranhas sonoridades, ele teve que recorrer a exames médicos – experiências apresentadas no making of do DVD.
"Foi mais ou menos como fazer um check up", conta o compositor. "Se você ouvisse a minha válvula mitral com cuidado, poderia ouvi-la dizendo claramente: Neeeelma, meu nome é Neeeelma".
O ronco, tão abominado por quase todos os seres humanos, ganhou outra conotação neste DVD. "Misturei vários roncos de uma maneira harmônica e depois inseri uns sons para dar um tom de música. Fiquei surpreso com o resultado. Quanto mais produzo, mais a minha criatividade fica aguçada".
Hermeto sabe que a ideia de fazer um trabalho totalmente voltado para os sons do corpo não é uma novidade. Ele mesmo explora as possibilidades oferecidas por seu corpo (e os corpos de quem está na plateia) há muito tempo.
Mas este DVD aprofunda melhor a ideia. "Fiquei um pouco apreensivo. Será que vão pensar que estou querendo ser bonzão com esse projeto? Mas depois de refletir, disse a mim mesmo: presta atenção, se você sabe, você faz".
Conquista
Não importa se o evento é na rua ou no teatro. Hermeto Pascoal garante que sabe atrair olhares e ouvidos de todo mundo que está por perto, mesmo que o espectador não conheça sua música instigante.
"Não se pode tocar um estilo só, não pode achar que vai agradar só fazendo clássicos. Tenho estilo e tendência para tocar em qualquer lugar", diz o compositor. "Quando fazemos uma música com pilão, não há quem não pare para prestar atenção".
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