TERESÓPOLIS - A seleção brasileira conseguiu se classificar em primeiro lugar do grupo A da Copa do Mundo, mas ainda não teve atuações que justificassem seu favoritismo para conquistar o hexacampeonato em casa.
Antes de enfrentar o Chile nas oitavas de final, o técnico Luiz Felipe Scolari ainda terá trabalho pela frente para chegar ao nível ideal.
O que deu certo?
Neymar
Com apenas 22 anos, o camisa 10 disputa sua primeira Copa do Mundo com a pressão de ser a principal esperança do Brasil para a conquista do hexa. Longe de fugir da responsabilidade, o atacante do Barcelona carregou a equipe nas costas, aparecendo sempre nos momentos mais complicados para desequilibrar. Com quatro gols em três jogos, ele se isolou na artilharia e tem tudo para ser o grande nome desta Copa.
As substituições de Felipão
Cada vez que mudou o time, o técnico conseguiu mudar a cara da equipe. Na estreia, contra a Croácia (3-1), Hernanes entrou no segundo tempo no lugar de Paulinho e deu mais qualidade à saída de bola. No empate sem gols com o México, na segunda rodada, Bernard entrou no lugar de Ramires no intervalo e levou perigo várias vezes até a área adversária. A mudança mais acertada foi a troca de Paulinho por Fernandinho no intervalo da partida contra Camarões (4-1). O volante do Manchester City deixou o time mais compacto e ainda teve participação direta nos dois últimos gols, iniciando a jogada do terceiro e anotando o quarto de bico. Uma das grandes forças da equipe é o fato de contar com jogadores de grande qualidade no banco de reservas.
Luiz Gustavo
O volante assumiu perfeitamente a função de 'cão de guarda', protegendo muito bem a defesa. Foi sem dúvida o jogador que mostrou mais regularidade nas três primeiras partidas. Contra Camarões, participou até de jogadas ofensivas, como no primeiro gol, quando roubou uma bola na intermediária e tocou para Neymar bater de primeira para balançar as redes. Discreto fora de campo, Luiz Gustavo faz o 'trabalho sujo' dentro das quatro linhas e virou uma das peças chave da equipe.
O que deu errado
A pressão inicial
Marca registrada da equipe na Copa das Confederações, o início arrasador que deixava o adversário acuado logo nos primeiros minutos da partida não se repetiu neste Mundial. A equipe ficou perto de conseguir no terceiro jogo, mas a pressão durou apenas cerca de cinco minutos. Em seguida Camarões cresceu na partida e o Brasil voltou a passar sufoco, como aconteceu em vários momentos contra a Croácia e o México. A falta de pegada pode se explicar pelo desgaste causado pela longa temporada europeia.
Paulinho
Se o Brasil perdeu sua agressividade e verticalidade isto deve-se, entre outros motivos, ao fato de Paulinho não lembrar nem de longe o jogador que foi eleito terceiro melhor da Copa das Confederações. Depois de uma segunda parte de temporada complicada com o Tottenham, o volante parecia muitas vezes perdido em campo, deixando Luiz Gustavo muito sozinho na marcação dos meias adversários. Quando foi substituído no intervalo por Fernandinho no duelo com Camarões, a diferença foi gritante e Paulinho pode ter perdido a vaga de titular.
Os laterais
O primeiro gol sofrido pelo Brasil no Mundial ilustra perfeitamente a deficiência. Perisic recebeu um lançamento nas costas de Daniel Alves e Marcelo acabou desviando a bola contra a própria rede. Durante as três primeiras partidas, os adversários encontravam sempre muitos espaços pelos lados do campo. Daniel Alves cometeu erros de marcação preocupantes, como no gol de Camarões, quando foi totalmente envolvido por Nyom. Na partida contra o México, o lateral-direito do Barcelona chegou até a apelar para a violência ao dar entradas duras por trás em adversários.