O risco de se fazer concessões à direita

Publicado em 23/03/2016 às 07:53.Atualizado em 16/11/2021 às 02:36.

Vamos a um apanhado das principais notícias econômicas de ontem, para depois uma consideração sobre as consequências políticas para os responsáveis pelo atual estado de coisas.

1 – O saldo líquido de emprego formal em fevereiro (contratações menos demissões de trabalhadores com carteira assinada) foi negativo em 104,6 mil vagas segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados ontem. A geração de emprego foi a menor para o mês de fevereiro desde 1992.

2 – O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, durante audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, disse que a instituição revisará para baixo a expectativa para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano. A última previsão era de contração de 2%. A explicação para a piora de cenário foi o “menor dinamismo da economia mundial, com manutenção da incerteza e da volatilidade”.

3 – O Brasil registrou ao final de 2015 o primeiro aumento da desigualdade desde o ano 2000, de acordo com o Centro de Políticas Sociais (CPS) e da Escola Brasileira de Economia e Finanças da Fundação Getulio Vargas (FGV), que medem o índice Gini (de desigualdade). O principal motivo teria sido o aumento do desemprego e da inflação.

4 - A demanda doméstica por viagens aéreas continuou a recuar em fevereiro, completando sete meses consecutivos de queda. No acumulado de 2016, a demanda doméstica registra queda de 3,62% ante o mesmo período de 2015.

Tudo isso apenas ontem.

Cova

Vivemos um momento no qual a economia se esfarinha, moída por um pessimismo generalizado e pela deterioraç[/TXT_COL]ão de todos os setores. Se os últimos indicadores de desempenho da indústria mostraram que ao menos este setor parou de cair, não existe, porém, vislumbre de retomada ou recuperação.

E o mais triste é que o governo cavou com seus próprios pés a cova na qual enterrou a economia. Não, amigos, a atual situação econômica não é apenas reflexo da crise política. É fruto, principalmente, dos erros absurdos cometidos no passado recente, principalmente no ano passado, durante a gestão de Joaquim Levy na Fazenda.

Independentemente do objetivo da manobra, que era agradar os conservadores no Congresso, foi a presidente Dilma quem convocou, deu posse no cargo e carta branca para que Levy conduzisse o país a

um ajuste fiscal suicida. Agora, mesmo com saída de Levy, a força de retroalimentação entre as crises política e econômica se tornou tão poderosa que nem mesmo um progressista na Fazenda, como o atual Nelson Barbosa, parece capaz de estancar o processo.

A grande miopia de Dilma foi acreditar que combateria a crise política fazendo concessões à direita na economia. O raciocínio estava absolutamente invertido. Somente uma política econômica progressista e desenvolvimentista poderia amenizar a crise política. Ela insistiu e deu no que deu.

O triste é que o governo cavou com seus próprios pés a cova na qual enterrou a economia.

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