O presidente dos EUA, Barack Obama, anunciou nesta segunda-feira em Hanói, capital do Vietnã, o fim do embargo da venda de armas norte-americanas ao Vietnã, dizendo que isso vai acabar com o "vestígio remanescente da Guerra Fria", encerrada em 1975, e preparar o caminho para as relações "mais normais" entre os dois países.
Obama, que falou em uma coletiva de imprensa juntamente com o presidente do Vietnã, Tran Dai Quang, disse que as vendas ainda terão que cumprir determinados requisitos, incluindo os relacionados aos direitos humanos.
"Os Estados Unidos estão retirando plenamente a proibição da venda de equipamento militar, com o objetivo de assegurar que o Vietnã tenha a capacidade de se proteger", disse Obama. "Dado todo o trabalho que os dois países fazem juntos é conveniente não ter tal proibição", acrescentou o presidente dos EUA.
Quang disse estar satisfeito com esta mudança significativa na política dos EUA e que o Vietnã respeitará os direitos humanos, acrescentando que os dois países vão trabalhar em conjunto para minimizar as diferenças sobre a questão. "Os EUA e o Vietnã têm compartilhado mais e mais interesses em comum e a visita de Obama "contribui ativamente para a paz e a estabilidade regional e global", disse o presidente.
Implícita nas declarações do presidente foi a preocupação que os dois países compartilham sobre a China. Os EUA tem apoiado países menores contra Pequim nas disputas regionais sobre os recursos e território do chamado Mar do Sul da China a serem resolvidas por negociações multilaterais, embora não tomou qualquer posição sobre as próprias disputas.
"Não há, penso eu, uma verdadeira preocupação mútua com relação a questões marítimas no que diz respeito aos Estados Unidos e o Vietnã", acrescentou, sublinhando a importância de manter a liberdade de navegação no Mar do Sul da China.
Os dois governos fizeram uma série de outros anúncios criados para favorecer as relações. Os anúncios ocorreram no primeiro dia de uma visita de três dias de Obama no Vietnã.
Obama deixa o Vietnã na quarta-feira com destino ao Japão, onde vai participar da reunião do Grupo dos Sete países (G7) com outros líderes mundiais e se tornar o primeiro presidente norte-americano a visitar Hiroshima.
Em seus primeiros comentários sobre se ele vai pedir desculpas por Hiroshima, Obama disse que não iria "porque eu acho que é importante reconhecer que, no meio da guerra, os líderes fazem todos os tipos de decisões".
"É um trabalho de historiadores para fazer perguntas e examiná-las, mas eu sei como alguém que já sentou-se nesta posição durante os últimos sete anos e meio, que cada líder toma decisões muito difíceis, especialmente em tempo de guerra", disse ele em uma entrevista com a emissora japonesa NHK. Fonte: Dow Jones Newswires.