Obras de hospital, deixadas pela metade pela CWP, não têm previsão de retomada

Tatiana Lagôa
tlagoa@hojeemdia.com.br
Publicado em 16/06/2016 às 20:12.Atualizado em 16/11/2021 às 03:56.

Depois de receber R$ 52,807 milhões para construir o Hospital Regional Doutor Márcio Paulino, em Sete Lagoas, Região Central do Estado, a Construtora Waldemar Polizzi Ltda (CWP) paralisou as obras neste ano. Em 2011, quando venceu a licitação, ela havia se comprometido a entregar o empreendimento pronto em 610 dias. Mas o que fez com esse recurso, na verdade, foi apenas metade dos trabalhos previstos. Uma nova licitação terá de ser realizada para a escolha de outra empresa para conclusão da unidade de saúde, que custará, pelo menos, R$ 32,452 milhões a mais do que o previsto.

 nesta semana. 

A empresa recebeu a ordem de serviço para início das obras em 2011, ainda na gestão de Antonio Anastasia (PSDB). Pela promessa, o hospital teria que estar pronto em 2013. Mas, apesar do repasse integral dos R$ 52 milhões pelo Tesouro Estadual, quem passa pelo local vê apenas uma enorme estrutura abandonada.

“O dinheiro acabou, então, só restava parar as obras mesmo”, afirma o prefeito do município, Márcio Reinaldo Moreira.

Segundo o governo do Estado, como os valores necessários para finalizar a obra extrapolam o firmado em contrato, será necessária uma nova licitação para escolha da empresa que terminará a obra. Mas o município ainda não forneceu as documentações necessárias para justificar o maior custo das intervenções. Já o prefeito alega que não abrirá o certame por não ter garantias de que conseguirá o recurso.

A empresa tem como antigo proprietário um familiar de Anastasia e o atual sócio-administrador, Maurílio Bretas, está preso na Operação Aequalis. Ele é acusado de desviar, junto a outros acusados, cerca de R$ 14 milhões na construção do complexo Hidroex, em Frutal. O familiar do senador não é investigado.

Mário Marcio Campolina, o Maroca, prefeito à época, garante que não houve erro na licitação. “Não sei o que aconteceu depois, mas garanto que o processo foi o mais correto possível”, afirma.

O deputado estadual Rogério Correia apresentou representação junto ao Ministério Público Estadual solicitando uma investigação. “É preciso avaliar se não haveria facilitações para que essa empresa ganhasse licitações por parte do governo passado”, afirma.

Em nota, o PSDB de Minas Gerais explica que a licitação ficou a cargo da prefeitura. “Coube ao governo do Estado, nas gestões anteriores, fazer o repasse dos recursos e a inspeção técnica”, disse a nota. Nenhum responsável pela empresa foi localizado.

Atraso na entrega penaliza pacientes e desanima comerciantes

Projetado para atender pacientes de 35 municípios do entorno de Sete Lagoas, na Região Central do Estado, o Hospital Regional Doutor Márcio Paulino está longe de se tornar realidade. Enquanto isso, a população busca alternativas e lota as demais unidades de saúde da região.

No projeto, o hospital teria quatro blocos. Ao todo, seriam 226 leitos de internação, 50 leitos de UTI, nove salas de cirurgia e um pronto atendimento. Até heliponto está previsto para facilitar o acesso de pacientes de outras regiões.

“O Estado quer pulverizar o atendimento em cidades polos e Sete Lagoas foi uma das escolhidas para abrigar um desses hospitais. É extremamente importante para a nossa população porque o Hospital Municipal é um colégio que foi improvisado. Uma vergonha”, afirma o prefeito da cidade, Márcio Reinaldo Moreira (PP).

 

Personagem hospital sete lagoasPREJUIZO - Valdenice investiu em uma padaria em frente ao hospital, mas agora quer se desfazer do ponto



Ele explica que, como o projeto inicial do hospital apresentou uma série de falhas, eles optaram por utilizar o mesmo projeto do Hospital Regional de Juiz de Fora, o que também aumentou a demora das obras.

“Nós temos como opção o Hospital Municipal e a Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Mas se estiver passando mal é bom se preparar para esperar porque vai demorar”, afirma a vendedora Eva Cescele, de 21 anos. Ela trabalha nas proximidades de onde o hospital regional está sendo construído e conta que as obras trouxeram esperança para a região. “Começaram as obras e todo mundo ficou animado. Mas de repente pararam tudo”, diz.

Esperança mesmo tiveram empresários, que chegaram a investir em negócios na região, acreditando no movimento que viria com a estrutura. É o caso de Valdenice Oliveira dos Santos, que comprou uma padaria bem em frente às obras. O investimento no empreendimento foi de R$ 130 mil. Primeiro, um outro empresário construiu a padaria. Mas, percebendo a demora para o término das obras, ele vendeu o estabelecimento para ela. “Quando chegamos aqui, há dois anos, tinha de fato muito movimento por causa das obras. Mas com a parada, o movimento acabou”, afirma. A empresária pensa em mudar o negócio para outra região.


 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por