A prévia da delação premiada de diretores da Odebrecht terá impacto nas eleições do próximo ano. Pode-se dizer que Marcelo Odebrecht irá enterrar algumas candidaturas dadas como certas e mudar o cenário político brasileiro.
No PSDB, o senador mineiro Aécio Neves tem as chances muito reduzidas. Favorito no ninho tucano, Aécio foi do céu ao inferno em dois dias. Além de Marcelo Odebrecht, Benedicto Júnior, o BJ, disseram que ele pediu dinheiro para doações eleitorais. Os delatores ainda não mencionaram quanto da verba destinada às campanhas do PSDB foi oriunda do caixa 2. Porém, certamente irão esclarecer os fatos, já que Aécio não é o foco das declarações da última semana.
Em tempo: as delações que seriam sigilosas e vazaram com velocidade recorde dizem respeito às investigações da chapa Dilma/Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Por isso, o juiz pediu, por exemplo, a Benedicto Júnior que informasse apenas fatos relativos àquela campanha.
Além dos dois executivos mencionados, Sérgio Neves, apontado como diretor da Odebrecht em Minas, assinou acordo de colaboração. Segundo Benedicto, era ele o responsável pelo pagamento de recursos a campanhas em Minas. Então, mineiros, guardem esse nome.
Bom lembrar, que o senador refuta veementemente todas as acusações. Diz que recebeu doação legal. Também vale recordar que o Ministério Público tem questionado até mesmo algumas doações legais no âmbito da “Lava Jato”.
Voltando às eleições presidenciais, no ninho tucano já se fala em João Dória, caso as delações afetem, além de Aécio, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o ex-ministro José Serra.
Na ala petista, todos que pleiteiam o posto estão chamuscados. Mesmo assim, existe a possibilidade do retorno de Lula.
Marcelo Odebrecht e outros executivos da empreiteira também anularam a hipótese de reeleição de Temer, que está mais preocupado em cumprir o resto de mandato.
Beneficiados
Como o meio político está muito contaminado, sobrará para aqueles não estiverem no radar da Odebrecht. Até o momento, além de Doria, Ciro Gomes e Marina Silva estão ilesos.
Como nas eleições municipais, a cadeira máxima do Executivo no país poderá ser regida pelo imponderável.
Teremos mais notícias nesta semana, já que o procurador-geral, Rodrigo Janot, prepara uma lista com ao menos 30 personalidades políticas. Ela será apresentada ao Supremo com o pedido de abertura de inquéritos.
Sem educação
Tão logo o senador Aloysio Nunes foi nomeado ministro das Relações Exteriores começou a vazar nas redes sociais um vídeo em que ele xinga um blogueiro que o questiona sobre irregularidades em obras da gestão tucana em São Paulo.
Bombou, mas não é atual. O vídeo é de maio de 2014. Antigo, mas mostra como reagiu o senador. Ele mandou o repórter “ir a puta que pariu”.