O procurador de Istambul acusou e prendeu oito pessoas na madrugada desta sexta-feira, no âmbito de uma espetacular operação anticorrupção contra pessoas próximas ao primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan, indicou a imprensa local.
As acusações são as primeiras pronunciadas pela justiça turca desde a detenção, na terça-feira, de cinquenta pessoas, entre elas os filhos de três ministros - Economia, Interior e Meio Ambiente -, o presidente do banco público Halk Bankasi, empresários e de uma acusação do partido no poder, o islamita moderado Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP).
As pessoas acusadas pelo procurador, cujas identidades não foram reveladas, são suspeitas de corrupção e fraude, segundo a imprensa.
Os demais detidos, em prisão preventiva, comparecerão à procuradoria ainda nesta sexta-feira.
A quatro meses das eleições municipais, esta operação provocou uma verdadeira tempestade política na Turquia e colocou em uma posição muito incômoda Erdogan, que fez da luta anticorrupção um de seus estandartes.
O primeiro-ministro reagiu classificando a investigação de "operação suja", obra, segundo ele, de um "Estado dentro do Estado" que quer manchar seu governo islamita moderado, no poder desde 2002.
O governo de Erdogan também puniu a polícia como represália, atingindo 30 oficiais, entre eles o chefe da polícia de Istambul.
Muitos analistas consideram o caso como uma prova do divórcio entre o governo e a organização do pregador muçulmano Fetullah Gülen, muito influente na polícia e na justiça.
Esta organização, durante muito tempo aliada do AKP, no poder há 11 anos, entrou em guerra com o governo devido a um projeto de eliminação de centros privados de apoio escolar, de onde obtém boa parte e suas receitas.