A onda de frio que atinge a Europa há vários dias já deixou mais de 50 mortos, enquanto nesta quinta-feira (1) aeroportos, serviços ferroviários e o dia a dia de milhões de pessoas continuavam perturbados por ventos e nevascas que chegaram até a afetar as praias do Mediterrâneo.
As enormes nevascas, pouco comuns em grande parte da Europa nesta época do ano, provocaram bloqueios de estradas, deixando milhares de motoristas isolados. Várias escolas também se viram obrigadas fechar. As agência meteorológicas preveem que o frio continuará em muitas partes da região nesta quinta.
O balanço de mortos continua aumentando, posto que outras três pessoas faleceram na Polônia por hipotermia, chegando a 21 o número de vítimas nesse país, a maioria delas sem-teto.
Também ocorreram seis mortes na República Tcheca nos últimos dias, cinco na Lituânia, quatro na França e na Eslováquia, três na Espanha, duas em Itália, Sérvia, Romênia e Eslovênia, e uma em Grã-Bretanha e Holanda.
Uma das vítimas espanholas foi um homem sem-teto, de 39 anos, que dormia em um caminhão abandonado.
"As pessoas mais expostas a contrair doenças relacionadas ao frio intenso são os idosos, as crianças e pessoas com enfermidades crônicas, limitações físicas ou mentais", assinalou a Organização Mundial de Saúde (OMS) em comunicado, acrescentando que os pobres, desamparados e migrantes são frequentemente os mais atingidos pelo fenômeno climático.
Fera do Leste
Esta frente fria de origem siberiana foi apelidada de "Fera do Leste" na Grã-Bretanha, de "Urso Siberiano" na Holanda e de "Canhão de Neve" na Suécia.
A Suíça viu nos últimos dias como as temperaturas chegaram a quase -40ºC nas zonas montanhosas mais altas.
Na Grã-Bretanha, a tempestade "Emma", proveniente do Oceano Atlântico, parecia se "preparar" para se chocar com o frio siberiano, o que causaria mais nevascas e temperaturas extremamente baixas.
No sudoeste da Inglaterra, no sul do País de Gales e da Escócia, foi decretado alerta vermelho, o que significa um clima extremo, que inclui risco de morte, danos generalizados e interrupções dos transportes. Para a noite são esperados fortes ventos e nevascas.
Em Edimburgo, todas as escolas foram fechadas e a Polícia aconselhou que as pessoas não saiam de casa, "salvo se for um trabalhador de emergência".
O aeroporto de Glasgow permanece fechado, e o de Gatwick, em Londres, esperava neste dia "uma grande quantidade de cancelamentos e atrasos nos voos".
As nevascas no norte da Itália forçaram a cancelar a circulação de metade dos trens, enquanto em Nápoles (sul) as escolas foram fechadas.
No sul da França, onde o clima é normalmente ameno, as praias de Nice estavam cobertas por uma grossa camada de neve.
Perto de Montpellier, cerca de 2.000 motoristas ficaram bloqueados em uma rodovia durante várias horas.
Em Paris, que acordou nesta quinta-feira com neve, as autoridades continuam habilitando abrigos de emergência para as aproximadamente 3.000 pessoas sem-teto que há na cidade.
Na Alemanha, a Associação Nacional para os Sem-Teto pediu aos abrigos que fiquem abertos durante o dia, e não somente à noite. "Também se pode morrer de frio durante o dia", advertiu sua diretora, Werena Rosenke.