Aposta da gestão Fernando Haddad (PT) para melhorar a qualidade dos ônibus, as faixas exclusivas à direita em grandes vias de São Paulo elevaram a velocidade dos coletivos em apenas 1 quilômetro por hora. Dados da São Paulo Transporte (SPTrans) indicam que, no ano passado, quando houve o "boom" das faixas após as manifestações de junho, os ônibus rodaram a 17 km/h no horário de pico da manhã, ante 16 km/h nos três anos anteriores. À tarde, a média foi de 16 km/h - entre 2009 e 2012, era de 15 km/h.
Para o engenheiro especializado em Trânsito e Transportes Alexandre Zum Winkel, a maioria dos ônibus não foi beneficiada pelas faixas exclusivas. "Em alguns trechos onde fizeram as faixas, houve um grande ganho. Mas, em outros, a velocidade dos ônibus caiu porque o trânsito piorou e lá esses veículos sofrem tanto quanto carros na lentidão."
O reflexo do trânsito é sentido por motoristas de carros. O publicitário Herber Lima, de 33 anos, por exemplo, diz que as faixas exclusivas foram instaladas a esmo na cidade. "A faixa é necessária, mas foi mal implementada. No centro, tem ônibus na faixa da esquerda e na faixa exclusiva da direita", afirma. Ele se refere ao que acontece no Viaduto Dona Paulina, na Praça da Sé, onde o elevado tem coletivos dos dois lados, sobreposição de linhas e trânsito.
A proposta de Haddad era instalar 150 km de faixas exclusivas - hoje, a cidade já tem 333,1 km. Diante dos números, a SPTrans informa que há casos de faixas em que o desempenho dos ônibus ficou bem acima da média geral da cidade. Na Radial Leste, entre julho e o mês retrasado, a velocidade dos coletivos no sentido centro foi de 27,5 km/h. No rumo oposto, de 25,8 km/h. Na Marginal do Tietê, os ônibus trafegam a 28,9 km/h no sentido Rodovia Ayrton Senna, em uma faixa inaugurada em junho do ano passado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.