Uma bela viagem

Publicado em 18/08/2021 às 09:26.Atualizado em 05/12/2021 às 05:42.

Uma aliança destinada a produzir bons frutos. É o que diria das sacramentadas pelo BDMG Cultural e a Academia Mineira de Letras, oferecendo à Conceito Editorial a oportunidade de publicar a série Beagá Perfis, que tão belos livros já nos propiciaram. Dentre eles, o que ora acabo de ler – e o fiz vagarosamente, para melhor aproveitamento, “Lúcia Machado de Almeida, Uma vida quase perfeita”, que se fica devendo à sensibilidade e capacidade de escrever de Régis Gonçalves.

Evidentemente, o autor não quis produzir uma biografia apenas, inserindo no texto lugares e datas, que comumente terminam por tornar enfadonha ao leitor sem especial interesse pelo biografado. Régis Gonçalves, ao jeito da gente de Santa Bárbara, com experiência no mercado e na temática, nos oferece a apreciável história de uma senhora de sociedade, exímia no trato com as letras.

Penso, ademais, no papel importante que desempenhou o coronel (porque aos mais notáveis empreendedores se honra com o título), Virgílio Cristiano Machado ao transferir-se de São Francisco do Sul, Santa Catarina, para uma capital que se construía na província de Minas Gerais.

Seria inegavelmente uma aventura, cujos resultados poderiam não ser positivos. Mas era jovem, estava embalado em planos e sonhos, e ousou a mudança radical. Despediu-se da família de origem açoriana no litoral e se assentou em Sabará, que integraria a Região Metropolitana de Belo Horizonte no futuro. Casou-se muito bem, com Maria Helena Monteiro Machado, de Caeté, cujo pai tinha o título de Barão de Santa Alta, e o avô, de Visconde de Congonhas do Campo.

Na velha Sabará, protegida por Nossa Senhora da Conceição, instalado em uma aprazível chácara a dois quilômetros da cidade, muito trabalhou o migrante, acolitado pela esposa, para somar economia e progresso, enquanto formava a descendência de dez filhos, que conquistariam lugares privilegiados na vida política, social, cultural, literária e artística da mais populosa província brasileira.

Os negócios dando certo, filhos tomando altura física e dos educandários, o coronel ainda pensava longe. Transferiu-se para Santa Luzia, onde nasceu Lúcia, a décima-primeira descendente, enfim a biografada de Régis Gonçalves. O livro constitui viagem pelo tempo. Vale muito lê-lo. Com orelha de Rogério Faria Tavares, presidente da AML.
 

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