Não vou entrar na polêmica dos últimos dias sobre as decisões do STF que acabaram afastando as condenações do ex-presidente Lula, mas é essencial deixar claro que nenhuma dessas decisões faz com que ele possa ser considerado inocente.
As últimas semanas foram preenchidas por inúmeras manifestações contra e a favor de Lula, contra o STF (a favor não vi nenhuma, nem de quem ficou feliz com as decisões), contra e a favor de Moro... Até sobre o Governo Bolsonaro, que não consigo entender como possa ter alguma relação com isso, acabei ouvindo muito... O que me preocupa é que em várias dessas falas percebi um ruído de fundo dando a entender que, depois disso, Lula estaria sendo considerado inocente.
Definitivamente, o fato de a Justiça se perder em meio à burocracia processual não significa, definitivamente, que ele seja inocente. Aliás, tudo o quanto já vimos e ouvimos demonstra que, de fato, ele pode não estar condenado, mas é tão culpado quanto qualquer criminoso pego em flagrante e que consegue se desvencilhar das garras da lei com bons advogados e amigos... aparentemente eles são sempre importantes para garantir esse tipo de resultado. É bom lembrar que os delatores devolveram centenas de milhões de reais ao Estado Brasileiro, dinheiro fruto de corrupção, ou alguém acha que esses recursos foram devolvidos por caridade?
Eu, como um otimista, acredito que o processo retomará seu início e que os culpados serão ao final condenados e presos. Mesmo sabendo que tudo isso impõe grave prejuízo à moral do povo brasileiro, que assistiu ansioso o que parecia ser o fim da impunidade no país, mas se confirmou como um caminho mais longo e elaborado para chegar nos mesmos resultados de sempre.
Eu poderia falar longamente sobre minha tristeza em perceber que depois de anos de investigações, processos, sentenças, apelações e até prisão, o STF tenha apenas agora levantado objeções de forma sobre a condenação. Poderia discorrer sobre os riscos que a insegurança jurídica trazida por essa falta de constância trazem para o país. Poderia demonstrar que a descrença na Justiça e, com ela, nas instituições, vem exatamente dessa constante sensação de impunidade por meios burocráticos, que sempre parece blindar os ricos e poderosos. Vou me limitar apenas a repetir o óbvio, para que ninguém se engane: Lula não é inocente!