Guilherme da CunhaAdvogado pós-graduado em Direito Tributário e deputado estadual, coordenador da Frente Parlamentar pela Desburocratização

A bola agora está contigo

Publicado em 07/03/2022 às 06:00.

É só isso, não tem mais jeito, acabou, boa sorte. Ou boa luta, só depende de você.

O STF rejeitou a ação do Partido Novo para barrar o aumento do Fundão Eleitoral e esse ano R$ 5 bilhões sairão do bolso dos brasileiros para bancar campanhas políticas. Louca prioridade para um país que enfrenta inflação alta, desemprego, aumento da pobreza e problemas sociais e de infraestrutura que se arrastam há gerações.

O PT terá direito a meio bilhão, bancados inclusive por quem é de direita. O PL, de Bolsonaro, ficará com mais de R$ 300 milhões, bancados até por quem o chama de genocida. O Partido Novo, que foi contra o aumento do Fundão no Congresso e moveu ação no STF para tentar barrá-lo, terá direito a R$ 90 milhões, mas não tocará em um centavo, permitindo que o dinheiro vá para a saúde, educação, segurança e assistência social, ainda que isso torne a disputa muito mais difícil para seus candidatos. É o preço da coerência.

Se você é isento do imposto de renda e pensa que não será com seu dinheiro que essa farra acontecerá, não se engane. Tem imposto em tudo que você consome. Tem imposto na comida. Na conta de luz, no combustível, nos medicamentos e na internet que você está usando para ler esse artigo.

Se você pensa que dividido para todo o Brasil isso nem é tanto, não se engane também. Esses R$ 5 bilhões são mais do que o Brasil investiu a cada ANO em saneamento básico, em média, na última década, e hoje quase 100 milhões de brasileiros não têm coleta de esgoto e quase 35 milhões não têm nem água tratada!

E se pensa que esse é o preço da democracia, que permite ao candidato novato se tornar conhecido ou ao mais pobre disputar com o mais rico, então precisa se informar melhor. Quem decide a destinação são os caciques de cada partido. Nas últimas eleições, 80% do dinheiro do Fundão foi para apenas 1% dos candidatos. Candidatos em busca de reeleição receberam, em média, dez vezes mais que os demais. Candidatos ricos, com mais de R$ 1 milhão de patrimônio, receberam em média nove vezes mais dinheiro público que os candidatos pobres, com patrimônio menor que R$ 10 mil. O Fundão não democratiza nada, só ajuda os mesmos de sempre a se manterem no poder.

A ação era a última trincheira do partido que lutou contra esse abuso desde o início. Agora não há nada mais que o Novo possa fazer. Agora, só a população (é, você mesmo que está lendo esse texto!) pode dizer nas urnas que rejeita todo e cada partido que optar por receber o Fundão. E dica: não adianta escolher candidato que diz que não usa, mas é de partido que recebe Fundão. O voto dado a ele pode ajudar a eleger um outro que vai fazer a festa com o seu bolso. Conte isso para seus amigos e sua família, talvez eles ainda não saibam.

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