Guilherme da CunhaAdvogado pós-graduado em Direito Tributário e deputado estadual, coordenador da Frente Parlamentar pela Desburocratização

A mudança é algo que só se constrói em grupo

Publicado em 28/02/2022 às 06:00.

A política no Brasil está desconectada dos anseios do cidadão. Poucas vezes isso ficou tão claro quanto nas últimas semanas, com a profusão de projetos de aumento salarial de vereadores, prefeitos e secretários sendo aprovados pelo legislativo municipal em Minas. Em todos os casos com a população contrária. Em poucos com isso fazendo diferença.

Os reajustes são a face mais visível dessa desconexão, especialmente agora, com a população empobrecida pela inflação e tendo que lidar com desemprego e insegurança econômica decorrente da pandemia.

Em Nova Era, tivemos outros exemplos da política indo na contramão do desejo popular. O vereador Rian Pereira, em seu primeiro mandato, apresentou projetos de lei para (1) blindar obras públicas de riscos de atraso ou superfaturamento; (2) determinar que os ocupantes de cargos de indicação política tenham formação acadêmica ou experiência profissional compatível com suas funções; e (3) dar transparência e critérios objetivos para o uso de máquinas públicas em imóveis particulares, algo comum nas cidades que possuem zona rural. Não conseguiu aprovar nenhum.

Conversando com o vereador, que é integrante da rede Liberta Minas, fundada por mim e pelo dep. federal Tiago Mitraud (Novo), fica perceptível a frustração. A política faz isso com quem trabalha pela mudança e eu mesmo já vivi esse sentimento após a Assembleia ter derrubado o veto do governador ao projeto que proíbe aplicativos de frete, como a Buser, de operar em Minas e oferecer viagens mais baratas, confortáveis e seguras (o que reduz os lucros das grandes empresas de ônibus e talvez explique a derrubada do veto).

Consegui encontrar ânimo na constatação que a mudança não é tarefa só dos novos políticos, mas algo que só conseguiremos realizar com a união de forças. Aos políticos, como Rian e os demais do Liberta Minas, todos minoria em suas casas legislativas, cabe ter resiliência e abraçar o papel de ser mais inspiração que transformação. À sociedade, cabe sair da indignação para a ação, e destaco aqui a UJL – União da Juventude Liberal, que está rompendo com o monopólio ideológico da esquerda e levando ideias liberais para as universidades, e a Aciva, associação comercial catarinense, que fechou suas portas para políticos que votaram a favor do Fundão Eleitoral.

Que, neste ano de eleições, o exemplo de Rian inspire pessoas que desejam renovação a se candidatar. E que aqueles que não desejam participar como candidatos se inspirem na UJL e na Aciva, atuando pela mudança em seu meio. Sem isso, a renovação continuará sendo minoria e continuará vendo suas boas intenções rejeitadas pelos mesmos políticos de sempre, que aprovam aumentos salariais para si mesmos a toque de caixa.

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