A segunda semana de março de 2021 pode entrar para a história como uma das mais turbulentas que Minas e o país já viveram.
Na segunda-feira, o ministro Edson Fachin, relator dos processos da Lava-Jato no STF, anulou todas as decisões de Sérgio Moro nos processos contra Lula.
Na terça, o Brasil bateu seu já elevado recorde de óbitos pela Covid em 24h, com 2.349 vidas perdidas. Mais à frente na semana, o ministro da Saúde anunciou redução no número de vacinas que o Brasil receberá em março.
Na quarta, uma denúncia de suposta violação da fila de vacinação pela Secretaria de Saúde estourou na ALMG. No mesmo dia, o governador ordenou apuração do caso pela Controladoria-Geral do Estado e a remessa de todas as informações disponíveis sobre a vacinação de servidores para a Assembleia. Além disso, garantiu que, caso apurada alguma ilegalidade, os responsáveis seriam punidos.
Na quinta, a Assembleia instaurou uma CPI para apurar a denúncia e o governador Romeu Zema afastou o Secretário de Saúde, apesar dos excelentes resultados por ele alcançados no combate à pandemia que posicionam Minas como um dos Estados com menor número de óbitos em relação à população em todo o país, para assegurar que não haja suspeita de interferência nas apurações. No Congresso Nacional, a PEC que garantirá o pagamento de novas parcelas do auxílio emergencial foi aprovada, mas incluindo uma emenda que permite que servidores públicos, que já possuem estabilidade no emprego, tenham aumentos salariais, mesmo neste momento em que a população “comum” sofre com desemprego e inflação. Os aumentos serão pagos, como sempre, com os impostos dessa população.
A emenda foi combinada entre governo e oposição, um lado querendo privilegiar militares, grupo histórico de apoio ao presidente, e outro, as demais categorias de servidores públicos. Apenas 14, de 513 deputados federais, lembraram do cidadão comum que pagaria a conta e votaram NÃO.
Na sexta, dia que escrevo esta coluna, tento digerir as notícias e vejo desalento. A Justiça está cada vez mais em descrédito, o governo federal e o Congresso claramente privilegiam grupos de interesse organizados e se esquecem do cidadão comum.
Um sopro de esperança vem de Minas. Não pelo episódio da suposta violação da fila de vacinas, é claro, mas pela reação das lideranças políticas diante do fato. A Assembleia cumpriu seu dever de fiscalização. O governador honrou seu compromisso com a transparência e moralidade. Depois de anos de Aécio, Pimentel e Assembleias que pouco fizeram para combater os malfeitos de ambos, é importante percebermos mudanças como essas, em caso que ainda é apenas de suspeita, mas já é tratado com a devida seriedade.