Guilherme da CunhaAdvogado pós-graduado em Direito Tributário e deputado estadual, coordenador da Frente Parlamentar pela Desburocratização

Zagueiros da Liberdade

25/09/2020 às 18:53.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:38

Começou o período eleitoral, e milhares de candidatos apresentam  propostas. É um período cheio de esperanças, tanto para quem disputa a eleição  quanto para a população.  Vivi isso em 2018, quando fui para a disputa com mil planos de revogaços, de aprovação de leis que enxugassem a máquina, que cortassem a burocracia, facilitassem a vida de quem quer trabalhar e ampliassem a liberdade do cidadão. Imagino que eleitores e candidatos viverão, nas próximas semanas, o mesmo sonho.

Após eleito, a dura realidade se impôs sobre todos esses planos. O parlamento é plural, com diversas ideologias e interesses. Para muitos, aliás, os sonhos são os da ampliação da máquina, do aumento da despesa pública para os setores, localidades ou categorias que representam e da regulação mais intensa da economia e da vida das pessoas. Tudo isso é legítimo. Eles também representam parte da população de Minas e foram eleitos com esses compromissos.

Tudo isso é, também, desafiador. Ninguém aprova nada sozinho, sejam revogaços ou leis ampliando a liberdade. Para que qualquer plano seja colocado em prática é necessário diálogo, articulação e capacidade de fazer compromissos. Meu único projeto de lei aprovado até hoje foi em coautoria com um deputado líder de bloco na Assembleia, por exemplo, e os projetos de desburocratização serão apresentados em conjunto com os  deputados que compõem a Frente Parlamentar pela Desburocratização, que idealizei e coordeno.

A maior dificuldade, todavia, é que liberais ainda são minoria no Brasil. É a dura realidade. Há muito mais projetos e deputados defendendo o oposto dos ideais de liberdade. 

Tal qual Roberto Campos, liberal precursor e quase solitário no Congresso nos anos 80, passo boa parte de meu tempo tentando evitar que esses projetos que reduzem a liberdade avancem. Assim, exerço a função de um zagueiro da liberdade, sem, contudo, queimar as pontes de diálogo para que as pautas que defendo possam ser discutidas.

Se você deseja alguém para defender as ideias liberais nas eleições deste ano, a dica que dou é para focar não apenas nas propostas apresentadas (boas ideias podem sempre ser copiadas), mas também no perfil do candidato (que é impossível copiar), buscando alguém com capacidade de diálogo e com a consciência da necessidade de articulação para aprovação de projetos e disposto a fazer defesa firme da liberdade quando essa articulação for impossível. Buscando, enfim, mais zagueiros da liberdade, que é o que a realidade nos impõe no momento.

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