Professor WendelFormado em Comunicação Social e Artes Cênicas pela UFMG. Professor universitário e deputado estadual pelo Solidariedade

Política é lugar de mulher

21/05/2021 às 14:14.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:59

A participação da mulher na política é muito recente, e foi apenas em 1932, depois de muita luta, que o direito ao voto feminino passou a ser garantido por lei no Brasil, após a promulgação do Código Eleitoral daquele ano, durante o governo Vargas. E por se tratar de uma conquista tão recente, por vezes, a legitimidade da participação feminina na política é questionada, por meio de pseudo-argumentos embasados na premissa misógina e machista de que a mulher pode até “encantar com seu charme”, mas possui moral duvidosa e é obrigatoriamente menos capaz, intelectualmente falando, que o homem.

A violência de gênero se caracteriza por qualquer tipo de violência praticada tendo como motivação o gênero da vítima em questão, e infelizmente quando falamos de casos de violência política contra mulheres, não estamos falando de situações isoladas. Daí a importância de quebrar o silêncio, combater cada episódio com punições adequadas e garantir que o ambiente político não seja mais um palco para a hostilização da mulher e replicação de comportamentos e falas que já não cabem há muito tempo na política moderna.

Me posiciono abertamente contrário a qualquer tipo de ataque à capacidade da mulher ou tentativa de projetar na mulher estereótipos que a depreciem. Estudo divulgado pelas organizações da sociedade civil Terra de Direitos e Justiça Global revela 327 casos de violência política ocorridos entre primeiro de janeiro de 2016 e primeiro de setembro de 2020, no Brasil.

A ex-candidata à prefeita pelo Solidariedade em Divinópolis, Laíz Soares, exemplifica essa triste realidade. Em 2020, ela foi a mulher mais votada da história do município, e desde a disputa eleitoral tem sofrido ofensas de caráter misógino, ameaças e ataques massivos movidos por fake news, simplesmente por representar uma forte concorrência na disputa política da cidade.

Em minha trajetória política, nunca tive questionadas minhas faculdades e aptidões, por meio de argumentos que me atacassem com acusações embasadas em algo tão banal como meu gênero, e acredito que nenhuma mulher deva passar por isso, é antiético e imoral. Cabe aqui ressaltar que nenhuma discordância política ou protesto pode abrir margem e/ou justificar a banalização da violência de gênero, como levanta a representante da ONU Mulheres, Nadine Gasman, em resposta ao aumento de casos de violência de gênero contra a mulher na política. Entendo que um futuro próspero se constrói por meio de uma política ética e saudável, e o aumento do número de casos de violência de gênero é mais uma prova de que isso não tem acontecido como deveria no Brasil.

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