Leandro MazziniMineiro de Muriaé, Leandro Mazzini é jornalista pós-graduado em Ciência Política pela UnB e escritor. Com Walmor Parente, Carol Purificação e Tom Camilo

Plano de voo

18/04/2016 às 22:43.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:01

Leandro Mazzini

A presidente Dilma e Lula caíram como patos no plano de voo do vice-presidente Michel Temer e Mauro Lopes (PMDB-MG). O deputado assumiu a Aviação Civil com o consentimento de Temer, e o PMDB lançou o discurso de desobediência. Temer segurou a SAC para Dilma não negociá-la com outros partidos. A Aviação é reduto do vice, que ainda controla a pasta e emplacou lá Moreira Franco e Eliseu Padilha. Mauro cumpriu o acordo até a última hora, manteve o grupo na pasta e partiu para o abraço.

No hangar
Prova do acordo é que não há nenhum processo no PMDB de expulsão de Mauro Lopes por ter “contrariado” ordem de Temer. 

Vendeta 
Dilma e Lula fecharam a lista da vendeta ainda na noite de domingo. Contaram uns 30 votos de traição. Que, mesmo assim, não a salvariam. 

Lembrete
Renan Calheiros não gosta de Michel Temer, e vice-versa. Renan seria o vice-presidente de Dilma, mas foi abatido em pleno voo pelo caso da amante, em 2007. E Temer entrou. 

Tucano predestinado
O federal Bruno Araújo (PSDB-PE) tem brilho para momentos decisivos. Quem conta é o ex-embaixador do Paraguai na OEA Martin Sannemann. De Assunção, ele assistiu pela TV a votação quando viu, surpreso, o tucano no importante voto 342. No ato, telefonou para amigos brasileiros para relatar outro episódio envolvendo o deputado.

É bi
Sannemann lembra que foi Bruno, como líder do PSDB, quem ajudou a enfrentar a turba petista no episódio do impeachment de Fernando Lugo como presidente paraguaio, dando posse a Federico Franco, o vice do PLRA. “Incrível o destino que deu a Araújo o papel decisivo em dois impeachment”, disse Sannemann.

Família, êh!
Deputados foram seletivos na distribuição das credenciais para acesso ao plenário da Câmara no domingo. Excluíram os funcionários e levaram filhos, netos e até amantes para assistirem à votação do impeachment.

Presságio
A senadora Vanessa Grazziottin (PCdoB) tentou virar o voto do ex-ministro Alfredo Nascimento: “É contra, né Alfredo?”. “Não; não dá mais!” A comunista recolheu o riso.

Calmaria aparente
A presidente Dilma Rousseff discursou ontem no Palácio sob efeitos de sedativos. 

Vem mais
Depois de prender o operador do PT Benedito Oliveira, na Acrônimo, a Polícia Federal teve acesso à lista de empresas de comunicação que teriam sido usadas pela agência Pepper como “laranjas” para camuflar o dinheiro de propina de empreiteiras.

Presentão
Carlos Lupi vai expulsar seis deputados do PDT que votaram contra Dilma. Eles agradecem. Todos já têm tratos com outras legendas. Perderam a oportunidade da “janela” e agora ganham outro motivo para trocar de partido sem perder o mandato.

Serviço público
A votação do processo de impeachment foi um serviço público à nação. Pela TV, descobriu-se uma gama de deputados dos quais ninguém sabia a existência. E o eleitor pode rever o seu deputado, que não deu mais notícias depois de outubro de 2014. 

Quem? 
Uma produtora de um vídeo pró-governo cometeu hilária gafe e ficou sem entrevista. Abordou no Salão Verde o presidente do PPS, Roberto Freire (SP), chamando-o de Paulo Maluf. O parlamentar fechou o rosto e entrou para o plenário.

Há 10 anos
Na verdade, os produtores saíram no lucro. Freire não é de deixar barato. No camarote da Brahma no Carnaval de 2006 no Rio, ele saiu no braço com estranho que lhe encarou.

Escrete
Deputados Marreca, Fufuca, Salame, Tampinha... dá para montar um time de futebol de várzea.

Ponto Final
“Não quero que ela saia, quero sangrar Dilma.” (Do senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), em março de 2015. Será que agora vota contra?)

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