Leandro MazziniMineiro de Muriaé, Leandro Mazzini é jornalista pós-graduado em Ciência Política pela UnB e escritor. Com Walmor Parente, Carol Purificação e Tom Camilo

Um ânimo para a sociedade científica que trata do câncer de tireóide

Dra. Adelina Sanches
23/07/2023 às 08:57.
Atualizado em 23/07/2023 às 09:07

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 750 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de alguma patologia da tireoide. Desses, aproximadamente 60% não sabem que têm problemas na glândula. Quando consideramos esses casos em que as pessoas não têm conhecimento do nódulo, em 90% ou 95% das vezes eles são benignos. Isto é, podem ter presença de líquidos ou células que não trazem problemas ao indivíduo. Os outros 5% a 10% desses nódulos detectados podem abrigar malignidade. Então, estamos falando, inicialmente, em câncer de tireoide.

O câncer de tireoide é a quinta neoplasia mais prevalente no Brasil, acometendo três vezes mais mulheres que homens, de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA). Ainda segundo o órgão, o número estimado é de 16.660 novos casos de câncer de tireoide por ano, no triênio de 2023 a 2025, sendo 2.500 em homens e 14.160 em mulheres.


São tumores muitas vezes de comportamento indolente (pouco agressivo), com 95% dos pacientes diagnosticados alcançando cura com procedimentos muito bem estabelecidos e seguros, que são cirurgia e iodoterapia, ou seja, tratamento complementar com iodo radioativo.

Apesar do medo que desperta o uso de radiação, usamos iodo radioativo em medicina nuclear há cerca de 80 anos, de forma muito segura e alcançando resultados fantásticos em doenças da tireoide.


A inclusão no rol da ANS, recentemente, de mais uma droga alvo para tratamento de cânceres de tireoide refratários (ou seja, não responsivos), a esses tratamentos referidos acima, trazem um grande alento aos 5% dos pacientes que não evoluem bem e que tinham, até o momento, poucas opções de drogas para tratar a doença neste estágio.


A droga aprovada, chamada Lenvatinibe, mostrou que pacientes expostos a ela apresentavam tempo de vida, sem que a doença progredisse, de cerca de 18 meses, versus apenas 3,6 meses alcançados em pacientes expostos a placebo. 


Esses dados estão publicados desde 2016 e sua aprovação para uso no Brasil anima a comunidade científica que trata câncer de tireoide em ter à disposição mais uma droga benéfica e, especialmente, importante em casos mais rebeldes.

*Dra. Adelina Sanches, diretora da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN)

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