Na contramão das gigantes de tecnologia, que fecharam mais de 50 mil postos de trabalho no mundo, empresas de outros setores da TI preveem crescimento em 2023. Um deles é o das edtechs, especializadas em criar soluções inovadoras para a área da educação. O motivo é que impulsionado pelas exigências provocadas pela pandemia de Covid-19, o mercado das edtechs no Brasil conseguiu responder rapidamente à demanda e mostrou que pode muito mais em um país que ainda registra defasagem no nível de maturidade tecnológica corporativa, especialmente o sistema educacional.
Para se ter uma ideia, o setor das edtechs cresceu 26% durante a fase mais aguda do isolamento, segundo levantamento realizado pelo CIEB (Centro de Inovação para a Educação Brasileira) e pela Abstartup (Associação Brasileira de Startups do Brasil). Agora, as edtechs permanecem focadas na apresentação de soluções para que instituições de ensino ofereçam plataformas que atendam às características da sociedade contemporânea, cada vez mais digitalizada. A principal expertise do setor é atuar como ponte na transição das instituições para a era digital e, por isso, é preciso projetar soluções que integrem serviços.
“Não é mais uma opção, é uma necessidade. É o que vai determinar a existência das instituições de ensino pelos próximos anos”, afirma o especialista comercial da F10 Software, Rodrigo Fonseca, ao comentar a necessidade de inovação do setor educacional. A empresa, especializada em gestão e performance operacional para escolas, projeta crescer 37% nos próximos meses em número de clientes e no faturamento. Uma das justificativas é que parte do mercado educacional ainda não se adequou ao meio digital, mas deve investir na mudança em breve, e a procura por soluções abre caminho para os investimentos em tecnologia.
A F10 é apenas um exemplo das inúmeras empresas do setor que devem fazer parte da dinâmica de investimentos em inteligência artificial em 2023. Um estudo da consultoria IDC prevê que o crescimento será de 33%. O mesmo levantamento aponta que as soluções de automação, com o uso da inteligência artificial, vão superar US$ 214 milhões no Brasil, um crescimento de 17% sobre 2022.
Uma das áreas em ascensão é a criação de ferramentas que englobam sistemas de gestão e de comunicação, tecnologia para atividades em sala de aula e sistema de análise de dados no ensino. “Estamos falando de novas gerações que se comunicam no modo digital mesmo que estejam no ensino presencial. São pessoas que precisam de ferramentas online para que se sintam parte da escola quando não estão nela. É uma questão de pertencimento”, alerta Fonseca. “É preciso compreender a existência do aluno multimídia”, completa. É aí que a ‘indústria’ das edtechs fica em evidência. Elas auxiliam instituições de ensino a se digitalizarem de maneira rápida e com menos custos.
Outro motivo para a previsão de crescimento está baseado no resultado do Censo do Ensino Superior 2021, divulgado em novembro de 2022. O levantamento mostra uma expansão da modalidade EaD (ensino a distância) no Brasil. Em 2021, foram mais de 3,7 milhões de matriculados em cursos a distância. O número representa 41,4% do total. Isso mostra de forma concreta para qual direção caminha a educação superior: o modo online. O cenário abre caminho para as edtechs, que atuarão como fornecedoras de soluções para a transferência de conteúdo e para a gestão de novos serviços. “Do pagamento da mensalidade ao conteúdo da aula”, finaliza Fonseca.