Enquanto governos de várias partes do mundo tomam medidas políticas para resguardar suas economias de uma possível recessão, tendo todas elas o papel do Estado como determinante, no Brasil, as ações anunciadas até o momento vão na contramão das experiências internacionais. Além de o presidente deixar os brasileiros estarrecidos com declarações e ações bizarras em relação à pandemia, as medidas para proteger a economia frente aos reflexos do coronavírus propõem fragilizar os serviços públicos, privatizar empresas e não aportam recursos novos para combater o vírus e a crise econômica.
Nos EUA, o presidente Donald Trump e o secretário do tesouro Steven Munchin pediram ao Congresso 800 bilhões de dólares para combater a possível recessão da economia americana. O governo pretende enviar cheques diretamente a setores mais vulneráveis da população para que esses recursos possam entrar diretamente na economia do país. Propõem também o adiamento de pagamentos de certos impostos por 90 dias, além do congelamento do pagamento de dívidas de pessoas físicas e jurídicas, sem incidência de juros e multas, na expectativa que isso represente mais 30 bilhões de dólares injetados na economia.
Na Europa, o ministro de Finanças francês Bruno Le Maire, disse que pode até nacionalizar grandes empresas privadas para evitar falências devido as perdas em decorrência do coronavírus. O governo italiano anunciou que prevê a nacionalização da empresa aérea Alitalia, que passaria a ser controlada pelo ministério da Economia e Finanças. A ministra dos Transportes Paola de Michele disse que o coronavírus mostrou ser estratégico o governo ter uma empresa aérea nacional. A Espanha anunciou a estatização de hospitais e outros serviços de saúde enquanto durar a epidemia.
No Brasil, o presidente chama a pandemia de histeria enquanto o país contabiliza as primeiras mortes. As medidas anunciadas não levam em conta os quase 50 milhões de brasileiros que estão desempregados ou na informalidade. Os R$ 147 bilhões anunciados por Guedes, injeta muito pouco dinheiro direto no SUS, apenas R$ 4,5 bilhões oriundos do fundo do DPVAT, os outros R$ 5 bilhões são de emendas parlamentares, que já constavam no orçamento, assim como já estava previsto os recursos do 13° salário, do abono, entre outros.
Nesse momento, o pedido de Bolsonaro para que o Congresso reconheça o estado de calamidade pública do Brasil, tem que incluir o debate sobre o fim do famigerado teto de gastos, de uma reforma tributária que estimule a indústria nacional e promove justiça tributária e da adoção de uma política de Estado que garanta renda a todos os brasileiros, como forma de estimular a economia e combater a miséria e o sofrimento do povo.
O governo precisa abrir créditos extraordinários para a saúde, equipar as UTI’s, ampliar a capacidade instalada com construções provisórias, importar os equipamentos médicos necessários, suprir os hospitais e centros médicos com materiais essenciais. Investir pesado no SUS para conter o mais rápido possível o avanço do vírus e retomar aos poucos a normalidade do país.
Nesses momentos o deus mercado se esconde e só resta o Estado para proteger as nações e seus povos. Venceremos o coronavírus, apesar de Bolsonaro.