Na manhã de ontem o Secretário de Estado de Cultura e Turismo (Secult-MG), Leônidas Oliveira, convidou vários atores da cozinha mineira para que estes fossem até o Palácio da Liberdade fazer um tour no espaço, reaberto recentemente à população. Mas o passeio aprazível não é a notícia principal que reporto hoje, mas, sim, a reunião que, em seguida, tivemos com o representante estadual.
O encontro, em princípio marcado para durar apenas duas horas, se estendeu por quatro horas. Detalhe: Leônidas esteve presente do início ao fim para ouvir a todos que fazem a cozinha mineira acontecer e enriquecem o dia a dia do nosso Estado, tornando-o um dos mais relevantes do ponto de vista cultural gastronômico.
A partir dessa escuta preciosa, vamos dar continuidade à construção de um inventário inédito da cozinha mineira. Documento esse que chega como um dos projetos da Secult, voltado ao reconhecimento do nosso fazer gastronômico como patrimônio imaterial do Estado.
Nem preciso dizer o quanto o inventário proposto é fundamental para coroar as inúmeras ações que os atores da gastronomia mineira desenvolveram e desenvolvem nos últimos anos. Todas fomentadas com muito trabalho, dedicação, sabor e talento.
Além disso, ele protegerá a nossa cozinha, preservará nossos saberes para a posteridade e poderá ainda despertar a atenção, tanto de novas políticas públicas quanto de iniciativas privadas, para que estas voltem seus olhares para a nossa ‘menina dos olhos’, geradora de renda, empregos e exportadora de talentos para o Brasil e países mundo afora.
O dia de ontem foi um marco, sobretudo, porque sinalizou uma importante mudança de paradigma: desde os tempos de monarquia, os salões dos palácios sempre foram conhecidos como locais em que as tomadas de decisão eram desenhadas e arquitetadas pelos representantes do povo e chegavam até nós, sociedade civil. Dessa vez, a cozinha foi protagonista de um movimento inverso: ela entrou para dentro do palácio. Os reis e rainhas que estavam no salão nobre, ontem, ajudando a Secult e o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA) a construir decisões coletivas, são, principalmente, aqueles que diariamente colocam a mão na massa e dão sabor ao que temos de melhor em nossos fogões.
Acredito que esse momento trará infinitas possibilidades para todos que escolheram a gastronomia como um modo de vida ou simplesmente porque amam fazer o que fazem. E é somente por meio do coletivo que nos fortaleceremos, ou seja, construindo juntos e caminhando juntos, com propostas, ideias e muito (muito) trabalho.
Paixão por fazer o que fazemos, já temos de sobra. Esse é o nosso ingrediente principal.