Ricardo RodriguesConselheiro da Abrasel-MG, Diretor do restaurante Maria das Tranças e da Cruz Vermelha, Mentor, Palestrante e Consultor Sebrae

Gigantes

12/03/2021 às 07:10.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:23

Na última segunda-feira (8) comemoramos o Dia Internacional da Mulher e hoje quero exaltar figuras femininas da nossa gastronomia que, indiscutivelmente, abriram portas para tantas outras com coragem e extrema competência.

Começo pela minha avó, Dona Maria Clara. Há 70 anos ela foi uma das pioneiras no segmento de alimentação fora do lar ao inaugurar um restaurante em uma casa de fazenda no bairro São Francisco, região da Pampulha, que hoje veio a se tornar o tradicional Maria das Tranças. Nem preciso dizer o quão desafiador deve ter sido empreender em uma época onde o machismo era ainda mais preponderante. E um detalhe importante: Era ela mesma quem realizava as compras, administrava as contas e fazia o prato principal da casa: frango ao molho pardo, acompanhado de angu, quiabo e arroz.

Outro exemplo de mulher forte na gastronomia e nos negócios é Dona Lucinha, que saiu do Serro, região Central de Minas, onde atuou como salgadeira, doceira, feirante, quitandeira, além de diretora escolar, vereadora, catequista e professora, e veio fazer história em BH, cidade em que fundou sua rede de restaurantes especializada em comida mineira. Lucinha é respeitada internacionalmente como a maior representante da nossa elogiada cozinha. Em 2015, ela virou até mesmo tema de enredo da escola de samba Salgueiro, no Carnaval do Rio de Janeiro.

Não posso me esquecer também de Nelsa Trombino. Apesar de não ter nascido em solo mineiro – ela é natural de Cubatão (SP), suas mãos parecem abençoadas pelo espírito local. Ao se fixar em Belo Horizonte, em 1980, com os três filhos, Fernanda, Fabiana e Flávio, decidiu abrir um estabelecimento. Comprou o imóvel e montou tudo à sua maneira, na região da Pampulha, que em pouco tempo se tornaria um endereço nacionalmente conhecido: o Xapuri.

Acordava às 3 da madrugada para fazer compras na Ceasa e cuidava da administração. Tanto esforço foi recompensado e hoje Dona Nelsa é referenciada como uma das grandes mestras da cultura gastronômica mineira. 

Além desses baluartes, temos também inúmeros outros exemplos de mulheres da nova geração de chefs, empreendedoras, empresárias e cozinheiras que vêm elevando o nome de Minas. Rafaela Nejm, Diretora de Marketing do Grupo Super Nosso; a professora no curso de Gastronomia das faculdades Promove, em BH, Cidinha Lamounier; Fabiana Arreguy, editora do site Pão & Cerveja e pioneira neste mercado; a azeitóloga belo-horizontina Ana Beloto, um dos principais nomes brasileiros no estudo de azeites; e Paula Bonomi, à frente da conceituada Casa Bonomi, uma das mais renomadas padarias da cidade, são alguns.

Essas mulheres e tantas outras são a prova de que elas são sim gigantes, talentosas e a cada dia mais se destacam nos segmentos que ocupam. Um salve a todas com respeito e admiração, hoje e sempre.

  

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